A incidência global de obesidade associada ao consumo de refrigerantes já atingiu mais de 600 milhões de adultos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os refrigerantes já estão na mira de todas as políticas públicas de saúde nutricional do mundo. Para entender a gravidade é simples: se trata de um líquido que ultrapassa os limites seguros de ingestão de açúcar, além da adição de diversos componentes químicos, sem qualquer vantagem nutricional.
Para crianças e adolescentes as preocupações podem ser maiores, pois o consumo diário de refrigerantes — inclusive aqueles que levam nos rótulos a descrição de zero, diet ou light — pode ser considerado um fator de risco cardiovascular e está associado ao sobrepeso, à obesidade e à hipertensão. É o que mostra um estudo conduzido na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
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Agora, uma nova pesquisa revela mais uma vítima do consumo dessas bebidas: o fígado. Publicado na aclamada revista científica JAMA, o estudo recente revela que basta um refrigerante por dia para gerar o desenvolvimento de gordura no fígado.
A condição é conhecida como esteatose hepática e gera prejuízos significativos à saúde.
No estudo, 98,7 mil mulheres foram acompanhadas e, dessas, 6,8% tomavam refrigerante diariamente e 13,1% consumiam uma ou mais bebidas açucaradas. Ambos os grupos apresentaram uma prevalência maior de câncer no fígado, resultando em 270 casos de problemas no órgão e 148 mortes por doença hepática grave. Essa doença é conhecida por causar a infiltração de gordura nas células do fígado, responsável pela degeneração de suas células. E, também, na evolução para a falência do órgão.
Os perigos revelados pela pesquisa da JAMA reforçam o alerta para o brasileiro. O motivo se trata do levantamento realizado pelo COVITEL 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia), pesquisa telefônica realizada pela Vital Strategies com a UFPel (Universidade Federal de Pelotas).
Nesse levantamento, 9 mil brasileiros de todas as regiões foram ouvidos. Os resultados apontaram que 17,8% da população ingere refrigerantes regularmente. Assim, não é de se estranhar que a obesidade atinja cerca de 22,8% da população, além da diabetes, que já acomete 10,3% da população.
De fato, o hábito da ingestão da bebida marca o fim dos parâmetros de saúde. As políticas públicas não conseguem mais ignorar as sequelas, pois os prejuízos já alcançam escalas exponenciais.
(*) Thaiz Brito é nutricionista pós-graduanda em Nutrição Esportiva Clínica