Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, acreditam ter encontrado uma estratégia para tratar o Alzheimer até 20 anos antes de os pacientes apresentarem os sintomas.
De acordo com os cientistas, a estimulação do cérebro com correntes elétricas, ainda na fase adormecida da doença, poderia evitar o acúmulo das proteínas tau e beta-amilóide, que são associadas ao desenvolvimento do Alzheimer.
“Mudanças fisiológicas já ocorrem lenta e gradualmente no cérebro dos pacientes de 10 a 20 anos antes do aparecimento dos sintomas familiares de comprometimento da memória e declínio cognitivo”, explica a principal autora do estudo, Shiri Shoob, em artigo publicado na revista Nature Communications, em novembro de 2023.
A intervenção por estímulos elétricos seria capaz de interromper a deterioração das células cerebrais e prevenir a perda de memória e o declínio cognitivo.
Primeiros sinais aparecem no sono
Em um experimento com ratos, os cientistas analisaram as mudanças no cérebro que ocorrem no hipocampo, o centro de memória e aprendizagem, durante o sono.
Tomografias cerebrais mostraram que ratos manipulados para o modelo de um paciente Alzheimer tinham convulsões silenciosas no hipocampo enquanto dormiam. Mas esses eventos não causavam nenhum sintoma externo. Os cientistas acreditam que as convulsões podem ser os primeiros sinais de deterioração do cérebro. Os camundongos saudáveis, por outro lado, demonstravam atividade cerebral reduzida durante o sono.
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Tratamento para Alzheimer
Os pesquisadores partiram, então, para a estimulação cerebral profunda (DBS, na sigla em inglês) com eletrodos implantados em áreas específicas do cérebro dos ratos. Os dispositivos foram conectados a uma pequena região localizada entre o hipocampo e o tálamo, ligado à regulação do sono.
O DBS é usado nos Estados Unidos para o tratamento de outros distúrbios neurológicos, como Parkinson, epilepsia, tremor essencial, distonia e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
Para evitar o excesso de atividade cerebral, os cientistas israelenses programaram o DBS para enviar ondas elétricas de baixo nível uma vez ao mês, sempre que o cérebro produzisse sinais anormais – como os que resultam em problemas de memória, de equilíbrio e dificuldades de fala. O objetivo foi impedir as formações de beta-amiloide e tau e o encolhimento do centro de memória.
O DBS suprimiu o excesso de atividade dos animais, prevenindo o declínio cognitivo a um período equivalente a 20 anos antes do início do Alzheimer.
“Quando tentamos estimular essa região com altas frequências, como é feito no tratamento do Parkinson, por exemplo, descobrimos que isso piorou os danos ao hipocampo e as crises epilépticas silenciosas. Só depois de mudar o padrão de estimulação para uma frequência mais baixa é que conseguimos suprimir as convulsões e prevenir o comprometimento cognitivo”, conta a principal autora do estudo, Shiri Shoob.
A equipe de Shiri planeja realizar testes clínicos com humanos para comprovar os benefícios da abordagem.
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