As Forças Armadas de Israel anunciaram que a segunda-feira foi o pior dia para suas tropas em Gaza desde o início da ofensiva terrestre contra o enclave palestino. Segundo as autoridades israelenses, 24 soldados morreram, sendo 21 em um mesmo incidente — o mais letal enfrentado por Israel até agora. Ao todo, 200 militares já morreram na operação.
O pior incidente do dia ocorreu a 600 metros do Kibbutz Kissufim, perto da fronteira com Gaza, enquanto os soldados estavam dentro de dois prédios de dois andares que preparavam para demolir com minas. Combatentes do Hamas dispararam granadas propaladas por foguetes RPG — uma arma que dispara o projétil a partir do ombro — contra um tanque que fazia a segurança do local e contra dois os dois edifícios.
Um dos projéteis disparados aparentemente atingiu uma das minas colocadas pelos próprios soldados para a demolição, e ela que explodiu, fazendo os prédios ruírem com os militares dentro. O porta-voz militar Daniel Hagari afirmou que os 21 soldados eram reservistas e trabalhavam na demolição de edifícios e outras infraestruturas perto da fronteira entre Israel e Gaza.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, lamentou a morte dos soldados em uma publicação nas redes sociais, dizendo que a notícia das mortes trouxe “uma manhã insuportavelmente difícil”.
A morte dos militares ocorre em um momento em que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é alvo de forte contestação interna. Parentes dos reféns mantidos pelo Hamas em Gaza invadiram uma reunião do Comitê Financeiro do Parlamento israelense, na segunda-feira, para exigir a libertação das mais de 100 pessoas que estão no enclave.
— Vocês ficam sentados aqui enquanto nossos filhos morrem lá — gritou Gilad Korngold, pai de um dos reféns.
O grupo, que é autorizado regularmente a falar com os parlamentares, entrou na sessão aos gritos de “todos e agora” para apelar pelo regresso de todos os reféns.
“[Israel] viveu um dos dias mais difíceis desde o início da guerra”, disse o premier em um comunicado nesta segunda-feira, no qual disse também que o Exército investigava o incidente. “Precisamos aprender as lições necessárias e fazer tudo para preservar a vida dos nossos soldados.”
Netanyahu tem se mostrado resistente em interromper a atividade militar contra o enclave palestino mesmo que, dentro de seu próprio Gabinete, haja defensores da trégua para resgatar os reféns. No domingo, o premier disse que não diminuiria a atividade militar, mas com a pressão crescente, é incerto se ele conseguirá prevalecer.
Segundo fontes israelenses ouvidas pelo site de notícias americano Axios, Israel teria proposto ao Hamas uma pausa de dois meses nos combates em troca da libertação de todos os reféns. A proposta não implicaria o fim da guerra em Gaza, mas sim um segundo cessar-fogo após um primeiro temporário que permitiu o retorno de um grande número de reféns em novembro.
Ainda de acordo com o site americano, a proposta de Israel preveria o retorno dos reféns vivos em várias fases, a primeira delas para as mulheres, homens com mais de 60 anos e aqueles com condição médica crítica. Em seguida, seguiriam as mulheres soldados, os homens com menos de 60 anos que não são militares, soldados do sexo masculino e os corpos dos reféns mortos em cativeiro. (Com NYT e AFP)