SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A feira ExpoCannabis, voltada aos negócios envolvendo a planta, terá sua primeira edição em São Paulo em setembro. Segundo os organizadores, mais de 150 empresas já confirmaram presença.
O evento está marcado para os dias 15 a 17 de setembro no São Paulo Expo, na zona sul da cidade. Os ingressos custam de R$ 95 a R$ 1.200, dependendo do número de dias e do nível de acesso. Os mais caros são destinados a empresas.
O encontro reunirá empresários, pesquisadores e interessados em vários temas relacionados à cânabis , como plantio, política de drogas, produção de alimentos e bebidas, remédios -inclusive para uso veterinário- e uso na indústria têxtil.
Além dos estandes, haverá debates sobre questões como regulação, tecnologia, política de drogas e usos industriais do cânhamo. As palestras, com transmissão gratuita pela internet, terão participação de nomes estrangeiros, que falarão sobre como foi feita a regulação em seus países.
Esta será a primeira edição da ExpoCannabis fora do Uruguai. Lá, o evento terá a 10ª edição neste ano. “Cerca de 40% do público da feira no Uruguai costuma ser de brasileiros”, disse Mercedes Ponce de Leon, diretora da Expocannabis no Uruguai.
O Uruguai descriminalizou a venda de maconha em 2013, o que levou o país a desenvolver um ecossistema de produtos relacionados à planta, tanto para uso recreativo quanto medicinal.
No Brasil, o uso medicinal da cânabis é permitido, mas o caminho para obter os remédios é complexo. A planta só pode ser cultivada mediante ordem judicial, para casos específicos, o que impede a criação de uma indústria nacional de fármacos com o produto. Assim, os medicamentos acabam tendo de ser importados, o que aumenta seu custo.
Remédios feitos com a planta são usados para tratar enfermidades e problemas como dores crônicas, Alzheimer, Parkinson, epilepsia e depressão.
“Precisei fazer uma cirurgia no coração e colocar um stent. Minha perna ficou preta depois da cirurgia. Os médicos disseram que levaria de três a quatro meses para voltar ao normal, mas usei um creme à base de cannabis e a recuperação veio em um mês e meio”, conta Marta Echarte Baraibar, cônsul-geral do Uruguai em São Paulo. “Temos que sair do tabu e falar sobre o tema.”
O Uruguai busca expandir as exportações de produtos ligados à cânabis. Atualmente, o país vizinho tem exportado entre 3.000 e 4.000 gramas de remédios ao Brasil por ano. O Brasil é o segundo maior parceiro comercial do Uruguai, atrás da China.
Além dos remédios, os organizadores da feira apontam que há grande potencial de negócios também com o cânhamo, uma variedade de cânabis que tem baixo teor de THC e pode ser usado para criar diversos produtos, como papel e tecidos.