O funk é um dos estilos musicais que mais se aproveita das sonoridades brasileiras. Com diferentes vertentes, popularizou-se em vários estados do Brasil e também faz sucesso no exterior.
Um dos fatores que proporcionou o avanço do funk em países da Europa foi o protagonismo dos DJs brasileiros. Por um bom tempo, eram profissionais atrelados aos MCs. Atualmente, entretanto, eles têm mais liberdade criativa e se destacam sozinhos. Um dos mais populares nacionalmente é o DJ Arana.
Com mais de 3 milhões de ouvintes mensais, ele se destaca por produzir músicas embaladas pelo mandelão. O artista está explorando, cada vez mais, sonoridades eletrônicas para cativar um público internacional, como explicou DJ Arana ao Metrópoles.
“O funk hoje, fora do Brasil, é muito forte também por conta do novo estilo chamado phonk. É uma sonoridade diferente, puxada para o funk, só que mais tenebroso, mais agressivo, como se fosse um batidão de rock”, conta.
DJ Caio Prince
DJ Arana
DJ Arana em show de funk
0
Segundo o Spotify, o funk brasileiro foi o estilo de música feita por artistas nacionais mais ouvido fora do Brasil em 2023. O próprio DJ Arana viralizou com a faixa Montagem Anos 2000, na qual usa referências do Black Eyed Peas.
Em São Paulo, o nicho eletrônico é mais presente do que em outros estados. Se no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte as brasilidades estão mais vivas, em São Paulo as ramificações de estilos em agressivo, automotivo, bruxaria, ritmado e outros proporciona diferentes sonoridades, como explica o DJ Caio Prince.
“O funk é uma música eletrônica brasileira e está se modificando bastante por ser um gênero bem experimental. Hoje em dia, com o destaque dos DJs e as diferentes vertentes, nós estamos chamando atenção de diversos públicos, inclusive na Europa. Então, quando eu produzo uma música, tenho que ter essa noção de que vai ser consumido em vários países”, pontua.
Impacto do funk brasileiro na Europa
“O funk sempre foi muito marginalizado, mas está ganhando maior aceitação nacional por estar fazendo sucesso internacionalmente. Muitas pessoas se permitem escutar o funk por ver que está se tornando uma tendência no exterior. Os DJs, em festas de sonoridades eletrônicas, também estão incluindo o funk e ajudando a popularizar o estilo”.
DJ Caio Prince
Os artistas brasileiros estão com tanta moral internacionalmente que foram convidados pela rádio inglesa NTS par o lançamento de uma compilação internacional do funk de São Paulo. Intitulada funk.BR – São Paulo, a playlist com 22 faixas inéditas foi disponibilizada on-line no site da NTS radio e nas plataformas digitais.
O álbum foi compilado por jornalista brasileiro Felipe Maia e pelo empresário e pesquisador musical americano Jonathan Kim. DJ Arana, ao lado de DJ Blakes, DJ Menezes, MC GW, Mu540 e outros artistas fazem parte da setlist que busca internacionalizar a carreira desses artistas. “Do automotivo ao agressivo, do ritmado à bruxaria, a ideia é dar uma plataforma global aos principais artistas do mandelão de SP.”
O especialista em questões sociais e políticas do funk, Bruno Ramos, da GR6, acredita que o sucesso do gênero potencializa os artistas como um todo. “Já são cinco décadas em que o funk está se modificando, e ele também acompanha as modificações tecnológicas e globais. Cabe a nós ajudar a manter essa cultura do jeito que ela é, sem perder as características essenciais, mas também sem engessar”, afirma.
Para Caio Prince, a iniciativa é boa para o gênero como um todo e atinge também os artistas que não foram contemplados no projeto. “Abre espaço para os DJs que tocam apenas nos bailes funk de rua acessaram outros espaços mais elitizados. O funk estava sendo tocado nas festas, mas não por quem produz as músicas. Então, essa conquista abre o caminho para que outros DJs da periferia possam tocar suas músicas em grandes festas e receber o devido dinheiro.”