Com a greve iniciada pelos professores da Universidade de Brasília (UnB) nesta segunda-feira (15/4), o campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte, amanheceu esvaziado.
O Metrópoles esteve no Instituto Central de Ciências (ICC) Alas Sul e Norte, nesta manhã, e conversou com alunos da universidade.
O clima por parte dos estudantes é de incerteza, principalmente em relação ao calendário acadêmico.
Segundo alunos, os professores decidem individualmente se querem participar, ou não, do movimento. Parte deles continuam dando aulas, enquanto outros suspenderam 100% das atividades.
“Ainda não sabemos nada em relação ao calendário e como ocorrerá a reposição de aulas, posteriormente. É uma greve por tempo indeterminado”, disse Pedro Saldanha, de 21 anos. Ele cursa o 7º semestre de biologia.
Igor Sousa Fagundes, de 19 anos, está no 5ª semestre de contabilidade e diz que alguns professores mantiveram as aulas do curso. “O Departamento de Contabilidade ainda não se manifestou como uma unidade. Isso acaba gerando dúvidas. A causa que eles reivindicam é legítima, mas, querendo ou não, a greve acaba prejudicando os alunos. Tem muita gente perto de se formar e que precisará atrasar mais um semestre”, opinou Igor.
Aluna do 9º semestre de saúde coletiva que preferiu não se identificar reclamou que esteve na Biblioteca da UnB, nesta manhã e se deparou com o local fechado. “Está completamente fechada. Nada funciona. Os alunos estão pelos corredores e o campus está bem vazio. Não tive aula de antropologia. Já estou atrasada para a conclusão do curso e, com a greve, não sei quando vou conseguir me formar”, comentou.
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Calendário Acadêmico
Um falso boletim de atos oficiais da UnB circulou entre grupos de professores na manhã desta segunda-feira com informações de que o calendário acadêmico do primeiro semestre letivo de 2024 seria suspenso.
A administração da UnB informou que apura as responsabilidades e que o documento não é verídico. O semestre letivo não será cancelado.
Greve
A greve foi aprovada por 257 votos contra 213, durante assembleia da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB), na última segunda-feira (8/4).
Na pauta central de reivindicações estão o reajuste salarial da categoria, a reestruturação da carreira docente e o revogaço de medidas normativas implementadas nos governos Temer e Bolsonaro. Para além destas reivindicações, a categoria também aponta a necessidade de valorização do Ensino Superior, a recomposição orçamentária das universidades federais e a defesa da Educação Pública como direito fundamental.
Na pauta central de reivindicações estão o reajuste salarial da categoria, a reestruturação da carreira docente e o revogaço de medidas normativas implementadas nos governos Temer e Bolsonaro. Para além destas reivindicações, a categoria também aponta a necessidade de valorização do Ensino Superior, a recomposição orçamentária das universidades federais e a defesa da Educação Pública como direito fundamental.
Segundo a ADUnB ainda não é possível medir a quantidade de professoras e professores que aderiram ao movimento paredista, mas as atividades de mobilização da categoria para adesão já iniciaram. “A expectativa é que a maior parte dos docentes possa parar suas atividades e aderir à greve.”
Nesta terça-feira (16/4), às 10h, acontecerá um nova assembleia unificada entre docentes, técnico-administrativos e estudantes da UnB para tratar da mobilização em torno da pauta de reivindicações.
A reunião será realizada no Teatro de Arena, no Campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte.
Desde março deste ano, os servidores técnicos-administrativos da UnB também estão em greve. A categoria aderiu ao movimento nacional em defesa da reestruturação da carreira e da recomposição salarial.
Além de reajuste salarial – que varia de 22,71% a 34,32%, dependendo da categoria –, os servidores pedem:
- Reestruturação das carreiras da área técnico-administrativa e de docentes;
- Revogação de “todas as normas que prejudicam a educação federal aprovadas nos governos Temer e Bolsonaro”;
- Recomposição do orçamento e reajuste imediato dos auxílios e das bolsas dos estudantes.
Os profissionais também são contra o ponto eletrônico e pedem fim da lista tríplice nas eleições para a reitoria.
O que diz a UnB
Segundo a administração da UnB, entre os serviços essenciais definidos em comum acordo entre a Reitoria e o comando de greve, serão mantidos:
- Pagamento (incluindo folha de pagamento, bolsas, benefícios e auxílios, e repasses às empresas prestadoras de serviços, dentre outros inadiáveis);
- Segurança patrimonial;
- Laboratórios de pesquisa que tratem de alimentação e bem-estar de animais, plantas e culturas, e manutenção de criogenia;
- Arrecadação de receita da universidade;
- Continuidade dos programas de assistência estudantil e demais processos seletivos iniciados antes do início da greve, incluindo a conclusão do registro de novos alunos de pós-graduação;
- Atendimentos psicológicos críticos em acompanhamento no Caep e Dasu;
- Comissão de PGD;
- Manutenção elétrica, hidráulica e estrutural de caráter emergencial; e suporte aos alunos com deficiência.
“A UnB reitera seu compromisso com a educação pública de qualidade e tem a expectativa de que as negociações entre o governo federal e as categorias em greve sejam bem-sucedidas, no menor tempo possível”, informou a universidade.