Um artigo publicado pela Universidade de Harvard encontrou diversas evidências de que dormir menos de oito horas por dia pode estar associado a um maior risco de obesidade em adultos, crianças ou bebês.
A alegação feita no artigo revela uma preocupação com o que autores chamam de epidemia da obesidade, uma vez que a doença crônica têm assolado populações de vários países pelo mundo. No Brasil, a Associação Brasileira para o Estudo de Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) demonstrou que o índice de pessoas obesas aumentou 72% nos últimos 13 anos.
Quando se tratam dos dados de obesidade infantil, o Ministério da Saúde e a Organização Panamericana da Saúde apontam que 12,9% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos de idade estão acima do peso.
Rotina de sono e obesidade infantil
Se a obesidade tem impactos significativos na vida de um adulto, imagine as consequências para as crianças que sofrem da doença crônica? De acordo com um estudo britânico, que acompanhou mais de 8 mil crianças desde o nascimento, foi possível notar que crianças de três anos, que dormiam menos de 10 horas e meia por noite, tinham 45% a mais de chance de se tornarem obesas ao completarem 7 anos.
Na mesma linha, um estudo com 915 crianças, realizado nos Estados Unidos, descobriu que os bebês que dormiam menos de 12 horas por dia tinham duas vezes mais chance de ficarem obesos aos 3 anos.
Alguns pesquisadores da Nova Zelândia tentaram responder se os hábitos de sono na infância podiam ter um efeito a longo prazo na idade adulta. Ao acompanharem 1.037 crianças desde o nascimento até os 32 anos, e analisarem o número médio que os pequenos dormiam aos 5, 7, 9 e 11 anos, eles notaram que as horas de sono durante a infância estavam associadas a um risco 50% maior de obesidade na fase adulta.
De acordo com o artigo de Harvard, os resultados dos estudos que relacionam o sono e a obesidade não são tão expressivos nos adultos, quando comparado com as apurações em crianças.
Apesar disso, há evidências que corroboram a alegação de que a falta de sono pode tornar os adultos mais ”pesados”. Entre as pesquisas revisadas pela Harvard, a da Nurses’ Health Study foi a maior e a mais longa a se dedicar em relacionar o hábito de sono e o ganho de gordura em adultos.
Os autores acompanharam 68 mil mulheres americanas de meia-idade, no período de 16 anos. Ao longo do tempo, eles conseguiram perceber que as mulheres que dormiam cinco horas por noite tinham 15% mais chance de se tornar obesas do que aquelas que dormiam cerca de sete horas.
Como o sono afeta o corpo?
De acordo com os pesquisadores, quando uma pessoa está em estado de privação de sono, as consequências podem levar a dois caminhos: maior ingestão de energia ou menor disposição para gastá-la.
Aumento do consumo de calorias
Quando há poucas horas para dormir, a pessoa permanece em estado de alerta por mais tempo e isso pode favorecer o aumento da fome. Um estudo divulgado pela PubMed, por exemplo, descobriu que homens jovens acostumados a dormir pouco tinham níveis mais elevados do hormônio estimulador do apetite, a grelina, e níveis mais baixos do hormônio indutor da saciedade, a leptina.
Outro ponto observado foi que as pessoas que dormem menos tendem a comer mais do que as pessoas com horário de sono regular. A explicação é simples: quem não dorme tem a noite inteira para assaltar a geladeira.
Falta de energia
Por outro lado, alguém que teve uma noite mal dormida, certamente, não está com a energia renovada.
De acordo com um estudo apoiado pela American Heart Association, pessoas que não dormem o suficiente ficam mais cansadas durante o dia e, como resultado, podem reduzir a atividade física.
Além disso, alguns experimentos em laboratório observaram que as pessoas que dormem menos horas tendem a ter uma queda na temperatura corporal. Essa queda pode levar a diminuição do gasto enérgico.
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