Há 20 meses seguidos a inadimplência no Brasil não para de subir. E em maio não foi diferente, com crescimento de 0,65% em relação a abril.
Estudo da Serasa, antecipado à CNN nesta sexta-feira (30), mostra que apenas no mês de maio 463 mil pessoas tiveram o nome negativado e passaram a constar na lista de inadimplentes. Em relação a abril, a alta foi de 0,65%.
Na comparação com maio de 2018, há apenas cinco anos, o aumento no número de pessoas inadimplentes chega a 18%. Ao todo, são 71,9 milhões de pessoas com contas em atraso, ou 44% da população do país.
Praticamente metade do Brasil enfrenta problemas com inadimplência. Situação agravada com a subida da taxa de juros.
Hoje, segundo a Serasa, são R$ 345,7 bilhões em dívidas atrasadas no País, aumento de 1,52% na comparação com abril. O valor médio de dívida por pessoa é alto: R$ 4.808,63.
Brasileiros com idades entre 41 e 60 anos são os que mais tem nome restrito, representando 34,8% do total. Em seguida, 26 a 40 anos, com 34,7% do número de inadimplentes. Acima de 60 anos, 18%.
Em agosto de 2020 a taxa básica da economia, a Selic, definida pelo Banco Central, chegou a 2% ao ano, menor nível da história. Ficou nesse patamar até março de 2021 e encorajou muita gente, pessoas físicas e jurídicas, a tomarem empréstimos.
Mas as pressões inflacionárias fizeram o BC reverter o ciclo dos juros, que começaram a subir novamente em março de 2021, até chegar aos atuais 13,75% em agosto do ano passado.
No mapa da inadimplência, Rio de Janeiro e Amapá aparecem quase empatados: mais da metade da população destes estados está com dívidas em atraso: 53,04% e 53,23%, respectivamente.
A maior parte das dívidas em atraso estão nos bancos, e o grande vilão é o cartão de crédito, com taxas de juros que na média chegam a 455% ao ano segundo o Banco Central, a maior em seis anos. Bancos e cartões concentram praticamente um terço das dívidas (31,94%). Em seguida vêm as contas básicas, como água, luz e gás (21,45%) e depois o varejo (11,31%).
O principal caminho para sair da lista de devedores, segundo Patrícia Camillo, gerente da Serasa, é fazer um diagnóstico do orçamento, entender quanto dele pode ser comprometido com parcelas de empréstimo e buscar a renegociação.
“Não adianta comprometer uma parte grande do orçamento para se livrar da dívida logo. Se não tiver a parcela reservada para contas básicas e obrigatórias a chance de recair na inadimplência é grande”, afirma a especialista.
Para Patrícia, agora é um momento muito favorável para buscar um acordo e renegociar a dívida. Na cola do Desenrola, muitos bancos já oferecem descontos e prazos atraentes para quem quer se livrar dessa dor de cabeça.
Na plataforma da Serasa na internet também é possível encontrar propostas de renegociação com descontos que chegam a 90% do valor da dívida.
Segundo a empresa, neste período foram renegociados R$ 4,85 bilhões, cada dívida num valor médio de R$ 763,47. Quase R$ 1,8 milhão de pessoas que deixaram a lista de restrição de crédito. Lembrando que, a partir da renegociação, a instituição credora tem 5 dias para regularizar o nome do cliente.
As informações são da CNN.