Em um raro momento de cooperação, Estados Unidos e Irã concluíram, nesta segunda-feira (18/9), uma troca de prisioneiros após um acordo mediado pelo Catar.
Ao todo, o acordo entre Washington e Teerã envolveu a troca de dez prisioneiros, além da liberação de US$ 6 bilhões em fundos iranianos congelados na Coreia do Sul – que, segundo os EUA, devem ser utilizados apenas para a compra de alimentos, medicamentos e insumos humanitários.
Cinco norte-americanos desembarcaram em Doha, antes de voltar aos Estados Unidos. Já dois dos cinco iranianos envolvidos na troca chegaram na capital do Catar para retornar ao Irã, enquanto dois decidiram permanecer nos EUA e um seguiu para outro país.
Apesar da troca de prisioneiros entre os dois governos e da liberação de fundos iranianos, sinais indicam que a tensão histórica entre EUA e Irã deve seguir.
Relações tensas
Ao comentar sobre o acordo, Joe Biden anunciou sanções contra o ex-presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad e ao Ministério da Inteligência iraniano pelo “envolvimento em detenções injustas”. “Continuaremos a impor custos ao Irã pelas suas ações provocativas na região”, disse o presidente dos EUA em um comunicado.
Já o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, classificou a troca como “puramente uma ação humanitária”. “Certamente pode ser um passo no qual, no futuro, outras ações humanitárias poderão ser baseadas e tomadas”, disse à imprensa em Nova York, onde participará da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Consultados pelo Metrópoles, analistas internacionais acreditam que a troca de prisioneiros pode ser um passo inicial na melhoria das relações entre Washington e Teerã. Contudo, advertem que um avanço para a diplomacia entre os dois países depende de outros pontos importantes para os dois governos.
“Se nós quisermos criar um tripé para a retomada das relações entre Estados Unidos e Irã, seria primeiramente o levantamento das sanções, a retomada do acordo nuclear e a questão dos direitos humanos. São três coisas que estão na mesa e que vêm sendo pautadas pelos EUA ao longo dos anos”, afirma Paulo Cesar Rebello de Oliveira, analista político e doutorando em Ciência Política pela Universidade de Salamanca.