A cúpula do Itamaraty vem atuando, nos bastidores, para blindar o diplomata Fernando Simas, atual embaixador do Brasil nos Países Baixos.
Simas passou a ser alvo de fogo-amigo no governo Lula após a revelação de que ele participou da reunião de teor golpista com Jair Bolsonaro em 2022.
No encontro, que ocorreu em 5 de julho e foi gravado, o então presidente da República convocou seus ministros a agirem antes das eleições presidenciais daquele ano.
“Se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha”, disse Bolsonaro no encontro.
Na época, Simas era secretário-geral do Itamaraty e participou da fatídica reunião como representante do então chanceler Carlos França, que estava em viagem.
Embaixador foi “preservado”
Uma das estratégias para blindar o embaixador do fogo-amigo foi posta em prática pelo Itamaraty nesta semana na Corte Internacional de Justiça em Haia, na Holanda.
Por ordem do chanceler Mauro Vieira, Simas não discursou em nome do Brasil na sessão de terça-feira (20/2), quando o Brasil condenou a ocupação de territórios palestinos por Israel.
Embaixador Fernando Simas Magalhães
Embaixador Fernando Simas Magalhães
Corte Internacional de Justiça, em Haia
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Para discursar no lugar do embaixador, o Itamaraty enviou de Brasília para Haia a diplomata Maria Clara Tusco, chefe da Divisão de Nações Unidas do Ministério das Relações Exteriores.
Segundo fontes da cúpula do Itamaraty, a decisão de substituir Simas no discurso visou “preservar” o embaixador. A avaliação era de que o discurso poderia expor o diplomata, tornando-o sucetível a mais fogo-amigo.
Diplomata atuou para garantir chips das urnas
Diplomatas do alto escalão do Ministério das Relações Exteriores dizem que Simas segue tendo a confiança de Mauro Vieira e ressaltam que o diplomata teve atuação marcante nas eleições.
De acordo com embaixadores próximos a Vieira, Simas atuou pessoalmente, quando era secretário-geral do Itamaraty, para a Justiça Eleitoral garantir chips para urnas eletrônicas.
O embaixador deixou o cargo de secretário-geral após o fim do governo Bolsonaro. Ele foi indicado como chefe da missão brasileira nos países baixo em 2023, já no governo Lula.