A Light apresentou uma nova versão de seu plano de recuperação judicial no fim da noite de sexta-feira (23/2). A proposta prevê um novo aumento de capital dos acionistas de referência, a conversão de títulos da dívida em novas ações e a ampliação do grupo de credores que terá pagamento integral. A dívida total da empresa é estimada em R$ 11 bilhões.
O aumento de capital previsto na proposta é de R$ 1,5 bilhão. Dessa quantia, R$ 1 bilhão serão aportados pelo grupo de acionistas de referência da empresa, formado por Nelson Tanure, Ronaldo Cézar Coelho e Carlos Alberto Sicupira (do 3G Capital, que também é acionista de referência da Americanas).
No caso dos credores, todos que têm até R$ 30 mil a receber serão pagos no prazo de 90 dias após a homologação do plano. Inicialmente, a previsão era quitar os créditos em até 30 dias daqueles com até R$ 10 mil a receber. A proposta abrange 28 mil investidores, ante 25 mil da versão inicial. Mas, em valores, essa fatia da dívida representa R$ 300 milhões, menos de 30% do total.
A nova medida também prevê a conversão de até 40% dos créditos em ações da companhia por meio de debêntures conversíveis. Essa opção está limitada a R$ 2,2 bilhões.
Tipos de credores
O plano define tipos diferentes de credores. O “apoiador não conversor” não receberá ações da companhia e terá 100% dos créditos remunerados pelo IPCA mais 2% ao ano, com amortização em 12 anos. O “credor apoiador financeiro” será remunerado pelo CDI mais 0,5% ao ano, em dez anos.
Já o “credor não apoiador”, ou seja, aquele que não aderir a nenhuma opção anterior, receberá pagamento único no 15º ano, correspondente a 20% do valor, corrigido pelo IPCA. Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa informou que, “apesar da opção estar prevista no plano, a companhia não prevê pagamentos a nenhum credor nessas condições”.
Não haverá mais o leilão reverso, conforme definido no plano anterior, que previa um corte de 60% nos créditos e pagamento em 30 dias. A assembleia de credores convocada para votar a aprovação do novo plano está marcada para o dia 21 de março.
Consumo e furto de energia
A Light entrou em recuperação judicial em maio de 2023. Na ocasião, a empresa alegou que não tinha geração de caixa suficiente para seguir adiante. A crise financeira, segundo a empresa, foi resultado da queda do consumo, além do prejuízo provocado pelo furto de energia.
O grupo é formado pela distribuidora Light Sesa e pela geradora Light Energia. Da dívida total de R$ 11 bilhões, R$ 9 bilhões são da Light Sesa. O contrato de concessão da distribuidora no Rio de Janeiro vence em 2026. A renovação foi solicitada à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que tem de se manifestar até o fim deste ano.