SANTOS, SP (FOLHAPRESS) – Outro suposto caso de agressão a um estudante da Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande, no litoral paulista, foi revelado nesta segunda-feira (22) pela mãe de um aluno do 8º ano da unidade de ensino.
A mãe diz que o filho, que tem 14 anos, sofreu violência em duas ocasiões no ano passado sem que a escola tivesse adotado providências para cessar as agressões.
A Secretaria Estadual de Educação afirma que não identificou nenhuma ocorrência de violência envolvendo o aluno e que não houve registro de reclamação por parte dos responsáveis.
Na semana passada, um adolescente de 13 anos, aluno do 6º ano da mesma escola, morreu depois de dois colegas terem, segundo relato dos pais, pulado sobre as costas do garoto. A Polícia Civil e a diretoria de ensino investigam o caso.
Carlos Teixeira Gomes Ferreira Nazara morreu na terça-feira (16) após três paradas cardíacas. O pai, Julisses Fleming Gomes Nazara, registrou boletim de ocorrência em que aponta suposta agressão sofrida pelo filho uma semana antes como causa da morte.
O rapaz, afirma o pai, foi atacado com chutes nas costas em 9 de abril -dois dias após fazer aniversário. O adolescente teve febre, dores e falta de ar, agravamento do quadro e morreu seis dias depois.
A repercussão do caso fez com que outra família relatasse agressões.
Segundo a mãe o jovem de 14 anos, o filho foi agredido com socos e pontapés por ao menos quatro estudantes -dois deles teriam segurado o estudante enquanto outros dois desferiam os golpes contra ele. Ela afirma que recebeu uma ligação da escola dizendo que o filho havia passado mal, mas que em casa ele relatou ter sido agredido em uma sala de cinema improvisada e depois no banheiro, onde não há câmeras.
De acordo com a mãe, o adolescente foi atacado porque o grupo o teria pressionado a abrir o portão da escola para matar aula, mas ele teria se recusado a obedecer por receio de ser flagrado e punido pela direção do colégio.
A mãe disse à reportagem que à época foi à escola para conversar pessoalmente com um adolescente apontado como líder dos agressores e dizer a ele que tomaria providências caso episódios de violência se repetissem, mas não chegou a registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
Com receio de novas agressões, ela conta, o filho relutou em retornar às aulas, mas mesmo assim ela o manteve na escola. “Depois de tudo isso, vou tirar meu filho de lá, sim. A escola é omissa nesses casos de agressão.”
Neste domingo (21), manifestantes fizeram um protesto no bairro Quietude, próximo a Nova Mirim, onde fica a escola, com cartazes e bexigas brancas para pedir paz e justiça no caso de Carlos Nazara.
A família do estudante está recebendo assistência jurídica e aguarda as conclusões das perícias para definir os próximos passos.
O caso foi registrado como morte suspeita. A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirma que a Polícia Civil investiga as denúncias desde a semana passada e que um exame necroscópico foi solicitado.
Em nota, a Secretaria Estadual da Educação disse lamentar a morte do estudante e afirmou que abriu uma investigação preliminar interna com prazo de 30 dias para conclusão. Também disse ter colocado psicólogos à disposição da escola.
Ainda segundo a secretaria, um vídeo que mostra uma briga envolvendo Carlos Nazara é do dia 19 de março. “Ao ser informada sobre uma briga envolvendo o aluno, a direção da escola agiu imediatamente, convocando os responsáveis para uma reunião. O Conselho Tutelar foi também comunicado”, afirmou.
No período subsequente, acrescenta a pasta, os alunos envolvidos na briga de 19 de março frequentaram as aulas sem novos conflitos. Carlos Nazara compareceu à escola pela última vez no dia 9 de abril. “Nessa data, conforme atesta a câmera do circuito interno da escola, o aluno saiu caminhando normalmente.”
A Secretaria Estadual de Educação afirmou ainda que, sempre que um caso de violência ou bullying é identificado nas unidades de ensino da rede, a equipe gestora aciona os responsáveis e a rede protetiva que inclui ronda escolar e Conselho Tutelar.