Mata Atlântica: 80% de árvores exclusivas do bioma estão ameaçadas

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Um estudo publicado na revista Science, nessa quinta-feira (11/1), mostra que 82% das mais de 2 mil espécies de árvores exclusivas da Mata Atlântica sofrem algum grau de ameaça de extinção. O levantamento foi liderado por pesquisadores brasileiros.

A Mata Atlântica abrange grande parte da costa brasileira. O bioma originalmente ocupava cerca de 1,3 milhão de km², mas, atualmente, tem menos de 30% da cobertura original.

O estudo analisou 4.950 espécies arbóreas presentes na Mata Atlântica e concluiu que 65% estão ameaçadas. O balanço utilizou os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (Iucn, na sigla em inglês), maior referência global em espécies ameaçadas.

“O número [de 82% de espécies endêmicas ameaçadas] foi um susto para nós, porque usamos uma abordagem conservadora. Levamos em conta se as espécies tinham ou não floresta disponível, independentemente de ser ou não uma floresta saudável, por exemplo. Mas nem todas as espécies conseguem se manter em fragmentos degradados”, explica Renato Lima, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), em Piracicaba, e coordenador do estudo, à Agência Fapesp.

Outro destaque da pesquisa é de que 7% das espécies da Mata Atlântica tiveram declínio populacional abaixo de 30% nas últimas três gerações, o que coloca essas árvores como vulneráveis à extinção.

O pau-brasil, uma das principais espécies da flora brasileira, está listado como “criticamente em perigo”, dada a redução estimada de 84% das populações selvagens.

Outras espécies, como araucária, palmito-juçara e erva-mate, estão classificados como “em perigo” devido à queda de pelo menos 50% da população.

“Quando preenchemos menos critérios da Iucn nas avaliações, o que geralmente tem sido feito até então, temos seis vezes menos espécies ameaçadas. O uso de critérios que incorporam os impactos do desmatamento aumenta drasticamente o nosso entendimento sobre o grau de ameaça das espécies da Mata Atlântica, que é bem maior do que pensávamos anteriormente”, destaca Lima.

Confira o estudo completo aqui.

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