O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid pôde enfim voltar à sua casa no Setor Militar Urbano, em Brasília, na sexta-feira (03/05). O tenente-coronel estava preso desde 22 de março e conseguiu a liberdade por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Entretanto, mesmo em liberdade, Cid pode se ver encrencado com a Justiça. Isso se o Ministério Público entender que o militar tentou atrapalhar as investigações. Cid estava preso após o vazamento de áudios em que criticou a Polícia Federal (PF) e o STF.
Integrantes do MP consultados pelo blog dizem que há elementos suficientes para denunciar Cid, mesmo com a delação premiada do tenente-coronel ainda valendo.
Dessa forma, além dos crimes investigados no inquérito das milícias digitais, que incluem desde a falsificação de comprovante de vacina à trama golpista de 8 de Janeiro, Cid pode ser enquadrado por obstrução de Justiça.
O blog já mostrou que a PF deve romper o acordo de delação premiada, sem mais oitivas com o militar. Mesmo assim, Cid não perderá os benefícios já conquistados pelas colaborações até aqui. O acordo está em sigilo, mas os termos estariam baseados em uma imunidade à mulher dele, Gabriela Cid.
Todo esse enrosco se originou pela revelação da revista Veja de áudios nos quais o tenente-coronel diz que a PF e o ministro Alexandre de Moraes “estão com a narrativa pronta”. Cid foi ouvido pela PF sobre os áudios revelados, mas não informou quem era a pessoa para quem enviou as mensagens.
“Eles [PF] queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu […]. Eles [PF e Alexandre de Moraes] estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu? […] O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta”, disse Cid nos áudios.