O quarto dia do maior desastre natural do Rio Grande do Sul foi marcado por milhares de resgates de pessoas ilhadas em telhados e por informações falsas que chegaram a atrapalhar o socorro.
Durante todo o dia de sábado (4/ 5), equipes de resgate dos governos federal e estadual se concentraram em cidades da região metropolitana de Porto Alegre que enfrentam inundações. Os principais focos do socorro foram Canoas, Eldorado e Alvorada.
Em todo o estado são mais de 69 mil desalojados, há 74 desaparecidos e 55 mortos confirmados, segundo a Defesa Civil. Imóveis, estradas e redes de energia elétrica foram destruídos.
No total, mais de 10 mil pessoas foram resgatadas, mas até o período da noite ainda havia pessoas ilhadas, esperando um resgate sobre telhados.
Desespero e fake news
Em Canoas, cerca de 600 pessoas foram resgatadas em uma igreja, entre elas pessoas idosas. O prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PSD), disse no começo da noite de sábado que ainda havia centenas de pessoas esperando o resgate.
“É uma situação dramática, você anda na cidade é uma desolação, as pessoas estão andando de um lado para o outro. As pessoas não têm para onde ir. É um cenário de guerra”, desabafou o prefeito de Canoas.
Durante a manhã de sábado houve o rumor de que 9 pessoas teriam morrido na UTI do hospital de Canoas por causa da enchente, mas a informação não era verídica. O próprio prefeito chegou a receber a informação errada em um primeiro momento.
Ainda no sábado, a PM suspendeu as buscas em Canoas com uso de barcos por cerca de 2 horas após uma notícia falsa se espalhar de que haveria risco de dar choque na água. No entanto, tudo não passava de um boato. Também houve informações falsas de rompimento completo de diques. “Essas fake news atrapalham muito”, lamenta o prefeito.
Lula volta ao RS
Também no sábado, o governador do Rio Grande do Sul (PSDB) se reuniu com os ministros da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, e de Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.
No começo da noite, Leite falou com a imprensa ao lado dos ministros. O governador defendeu que as diferenças políticas devem ser colocadas de lado e que deve-se pensar um plano de reconstrução dos municípios destruídos pelas chuvas intensas.
“O Rio Grande do Sul vai precisar de uma espécie de um Plano Marshall, aquele de reconstrução da Europa após a guerra, de um plano de excepcionalidade em processos, em recursos, em medidas absolutamente extraordinárias. Porque, como eu insisto, quem já foi vítima da tragédia, não pode ser vítima depois da desassistência e da demora e da burocracia”, afirmou o governador.
O Governo Federal está atuando na região do desastre com 29 helicópteros, quatro aeronaves, 866 viaturas e 182 embarcações. O efetivo é de quase mil militares das Forças Armadas.
Já o Ministério do Desenvolvimento Social disponibilizou, até o momento, 92 mil cestas básicas, sendo que 52 mil já estão em processo de entrega à população e as outras 40 mil estão em trânsito.