Motorista do Porsche diz ganhar R$ 15 mil de salário na empresa do pai

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São Paulo – Indiciado por bater com seu Porsche e causar a morte de um motorista de aplicativo, o empresário Fernando Sastre de Filho, de 24 anos, declarou à Polícia Civil que trabalha na empresa do pai e recebe salário de R$ 15 mil.

Conforme revelou o Metrópoles, o motorista do Porsche nasceu em uma família de empresários que atuam no mercado imobiliário e de materiais de construção civil. Na delegacia, Fernando Filho declarou que trabalhava como “gerente” na F. Andrade, uma distribuidora de ferro e aço, fundada pelo seu pai em 1993.

É no nome dessa empresa que está registrado o Porsche 911 Carrera GTS, modelo 2023, avaliado em mais de R$ 1 milhão. Fernando Filho conduzia o carro de luxo, em alta velocidade, quando tentou fazer uma ultrapassagem e bateu na traseira de um Renault Sandero, no Tatuapé, na zona leste da capital paulista.

A colisão na madrugada de domingo (31/3), por volta das 2h20, causou a morte do motorista Ornaldo da Silva Viana, 52, que dirigia o Renault Sandero. A vítima morreu 1 hora depois, assim que chegou ao hospital, de “choque hipovolêmico” – condição causada por falta de sangue.


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Empresas

No Porsche, policiais encontraram o smartwatch Apple Watch Series 7, que foi apreendido. A nota fiscal no valor R$ 3.247,98, registrada no nome de Fernando Filho, também estava no veículo de luxo.

Com ensino superior incompleto, o empresário é sócio da incorporadora Sastre Empreendimentos Imobiliários, juntamente com o pai, um tio e outro parente.

Fundada em outubro de 2020, a empresa tem sede na capital paulista e foi aberta com investimento inicial declarado de R$ 430 mil. O grupo atua na construção de edifícios, além da compra, venda, aluguel e loteamento de imóveis.

Na Receita Federal, o nome Fernando Sastre de Andrade Filho aparece, ainda, como o único sócio da FF Andrade Serviços Administrativos, empresa que atua com serviços de escritório e apoio administrativo.

Acima do limite

Em interrogatório, o empresário disse que está “amargamente arrependido”. Ele admitiu que dirigia o Porsche “um pouco” acima do limite de velocidade, negou ter bebido e disse que “apagou” após a colisão, só retomando a consciência quando estava “deitado na via pública”.

Também relatou que tinha ido com um amigo para um clube de poker, no Tatuapé, onde ficou por cerca de 3 horas. Ele recebeu ajuda da mãe para fugir do local do acidente, sem fazer teste de bafômetro, mas disse não se recordar como ela foi socorrê-lo.

O empresário, que não tinha antecedentes criminais, foi indiciado por homicídio com dolo eventual, lesão corporal e fuga do local do acidente. A Polícia Civil chegou a representar pela sua prisão temporária, mas o pedido foi negado pela Justiça paulista.

A versão do motorista do Porsche é contestada por outras pessoas que viram a colisão. Segundo testemunha, Fernando Filho apresentava sinais de embriaguez, com a voz pastosa e cambaleando, e não ofereceu ajuda para Ornaldo.

Suposta namorada

Foram testemunhas que chamaram a ambulância e a Polícia Militar. No inquérito, uma delas relata que, durante o socorro, um carro, cujo modelo não soube especificar, chegou a parar no local e duas garotas desembarcaram. Uma delas teria se apresentado como namorada de Fernando Filho.

Ainda segundo a testemunha, nesse meio tempo, o celular do empresário tocou, um rapaz que ajudava Fernando a sair do Porsche atendeu à ligação e conversou com a mãe dele, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, 45, que foi informada sobre o acidente do filho.

Até a chegada de Daniela, a suposta namorada e a outra jovem tentaram tirar do local Fernando e o amigo dele, que estava de carona no Porsche e se feriu. Presentes na cena do crime teriam contestado a postura das mulheres: “Eles só vão sair daqui após o outro motorista [Ornaldo] ser atendido pelo resgate”.

Mãe “alterada”

Daniela Cristina chegou “alterada” ao local do acidente e estaria preocupada em ajudar o filho “a se evadir”, segundo testemunha.

Pessoas ouvidas no inquérito relatam que “em nenhum momento” as duas garotas ou a mãe do empresário “prestaram qualquer tipo de atenção ao socorro para a vítima do Renault”.

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A mãe do empresário pode ser indiciada pela Polícia Civil por fraude processual, porque ela inviabilizou que o empresário fosse submetido a exames toxicológicos.

A informação foi confirmada na manhã desta quarta-feira (3/4), em sigilo, por fontes policiais que acompanham o caso.

Sem ir ao hospital

Como mostrado pelo Metrópoles, a mãe de Fernando foi até o local do acidente e disse aos policiais militares que atenderam a ocorrência que ia levar o filho para o Hospital São Luiz no Ibirapuera.

Os PMs liberaram os dois e depois foram à unidade de saúde com o intuito de realizar o exame de bafômetro no empresário. No local, foram informados que ele não havia dado entrada em nenhum hospital da rede.

Além de liberar o suspeito, os PMs demoraram cerca de 5 horas para apresentar a ocorrência na delegacia. A conduta é investigada internamente pela corporação.

No depoimento, Fernando Sastre Filho admitiu que, de fato, não foi para nenhum hospital. Ele disse que sua mãe o levou para casa, onde repousou. Depois, ela alegou que tinha recebido ameaças pelo celular, sem especificar de quem, e que achou melhor não buscar atendimento médico para o filho.

https:metropoles

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