São Paulo — O Ministério Público de São Paulo (MPSP) entrou com um pedido de recurso para que Alexandre Nardoni volte para atrás das grades, alegando que ele “representa perigo para a sociedade” e por contar com “transtorno de personalidade.”
Nardoni estava preso desde 2008 pela morte da filha Isabella. Ele foi solto, na tarde dessa segunda-feira (6/5), após a Justiça conceder a progressão para o regime aberto. A Promotoria interpôs um pedido, ainda na segunda, para que Nardoni volte a cumprir a pena no regime semiaberto.
“Nardoni praticou crime hediondo bárbaro ao matar a filha de 5 anos, demonstrou frieza emocional, insensibilidade acentuada, caráter manifestamente dissimulado e ausência de arrependimento”, diz trecho de nota, enviada ao Metrópoles.
O MPSP argumenta que, de acordo com avaliação psiquiátrica, Nardoni possui “impulsividade latente”, além de “exibir elementos de transtorno de personalidade”.
A Promotoria sugere ainda que seja suspensa a progressão do regime aberto, até que Nardoni seja submetido a exame psiquiátrico “profundo e conclusivo”. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) não havia se posicionado sobre a decisão até a publicação desta reportagem.
Na casa do pai
A Secretaria da Administração Penitenciária confirmou, por meio de nota, que a direção da Penitenciária 2 de Tremembé “deu cumprimento”, nesta segunda-feira, às 17h20, ao alvará de soltura expedido pelo Poder Judiciário em favor do preso Alexandre Nardoni, “em virtude de progressão ao regime aberto”.
Nardoni deixou o sistema prisional de carro, por volta das 18h10. Em liberdade, ele deve passar a morar com Carolina Jatobá e os filhos na casa do pai dele, na zona norte da capital paulista.
Além disso, ele pretende trabalhar na empresa de construção civil do pai.
“Decisão é irretocável”
Em nota, o advogado de Nardoni, Roberto Podval, disse que “a decisão é irretocável” e que, “se não pensarmos na ideia de reabilitação, a pena terá um efeito perverso”.
A decisão do juiz José Loureiro Sobrinho, de São José dos Campos, contraria manifestação do MPSP, que queria que o reeducando fosse submetido a exame criminológico e ao teste de Rorschach, para comprovar se ele tem condições de ficar em liberdade.
Para o magistrado, Nardoni “mantém boa conduta carcerária, possui situação processual definida, cumpriu mais de metade do total de sua reprimenda, encontra-se usufruindo das saídas temporárias, retornando normalmente ao presídio”.
Ainda segundo a decisão judicial, Alexandre Nardoni teve avaliação favorável em relatório conjunto e não registra faltas disciplinares durante o cumprimento da pena, “preenchendo, assim, os requisitos objetivos e subjetivos exigidos pela lei”.
Alexandre Nardoni é condenado por matar a própria filha, Isabella, de apenas 5 anos, que foi agredida e jogada de uma janela, no sexto andar de um prédio da zona norte de São Paulo, em 2008. Levado a júri popular, ele foi considerado culpado dois anos depois.
Carolina Jatobá não ia visitá-lo na prisão, porque cumpre pena em regime aberto pelo mesmo crime. O casal, no entanto, trocava cartas toda semana, conforme ele relatou em entrevistas.