Uma fotógrafa inglesa acabou apresentando descontrole no sistema motor e irritabilidade intensa, além de fortes enxaquecas e dor nos olhos, após o uso inadequado de lorazepam.
Emma Saunders começou a usar o remédio por conta de um zumbido no ouvido, que ela desenvolveu ainda durante a pandemia. Na ocasião, não foi informada dos riscos de dependência.
Sem examiná-la, os médicos suspeitaram que a causa do zumbido seria estresse e receitaram o tranquilizante, que alivia sintomas de ansiedade. “Era novembro de 2020, e o médico me orientou a tomar o remédio até que a pandemia acabasse e minha vida voltasse ao normal”, contou Emma, em entrevista ao Daily Mail, nesta terça-feira (23/4),
No entanto, o uso prolongado de lorazepam é desaconselhado na bula por risco de causar dependência e síndromes psicóticas. Os fabricantes recomendam fazer o tratamento em, no máximo, 4 semanas. Emma utilizou o remédio por seis meses.
Os problemas começaram a aparecer após um mês de uso. Ela sentiu que estava tendo dificuldades para dormir e tendo pesadelos mais frequentemente.
O estado de terror em que vivia ao despertar de súbito durante as noites passou, então, a ocorrer durante o dia. “Falei sobre os sintomas com o médico e ele me disse para continuar o tratamento”, afirmou.
Dois meses após o início do tratamento com lorazepam e com prescrição médica, Emma passou a tomar também o citalopram. A combinação a levou a um surto psicótico logo no primeiro dia de uso.
“Senti um desespero muito grande, chorava e tremia”, conta. Ela passou a apresentar movimentos repetitivos incontroláveis de andar para frente e para trás e começou a ter ideações suicidas.
A fotográfa deixou o citalopram após um mês de uso, pois seu estado de saúde parecia apenas piorar. Ela passou a ler cada vez mais casos de pessoas que sofriam de abstinência de benzodiazepínicos e antidepressivos e decidiu fazer um desmame caseiro também do lorazepam.
Dependência de lorazepam
Ela começou, porém, a ter reações nervosas muito piores. “Minha visão ficou embaçada e tive a sensação de que estava saindo do meu corpo”, lembra.
Emma foi internada e se recusava a tomar novos remédios, o que dificultava o tratamento. Ela recebeu alta, mas começou a sofrer alucinações.
Os sintomas só passaram com as doses de lorazepam, que voltaram a ser dadas um ano depois dos primeiros dias. Ela passou a ser acompanhada por um psiquiatra que organizou um desmame da substância, trocando ele por antidepressivos que agora estão também tendo sua dose lentamente reduzida.
“Ainda tenho alguns episódios de zumbido, o que inicialmente tinha me levado até ali. Um especialista identificou que tive um problema na tuba auditiva, provavelmente fruto de uma infecção por Covid”, lembra Emma.
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Ainda em entrevista ao Daily, a presidente da Benzodiazepine Information Coalition, Nicole Lamberson, afirmou que este problema de dependência é global.
Ela criou a organização internacional para alertar para os riscos de prescrição de remédios da categoria do lorazepam (benzodiazepínicos). “Os relatos de crises de abstinência e surtos motivados pelo uso do remédio são frequentes. Ouvimos regularmente de suicídios porque a agonia da acatisia e da abstinência de drogas era insuportável. É preciso ter isso em conta ao prescrevê-las”, resumiu.
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