Na intimidade com seus amigos e assessores, Lula é famoso por disparar palavrões, mas em público ele sempre os evita. Não chega a ser um palavrão o que ele disse, ontem, em um evento no Rio. Foi apenas uma fala agressiva, sem mencionar o seu alvo, mas com endereço certo e identificável. Ele disse:
“[Vocês] sabem o momento de mentira em que vive o país. Tem gente que acorda mentindo no celular, almoça mentindo, janta mentindo e dorme mentindo, achando que o povo é imbecil. Tem que ter em conta para aprender: vai ter eleição esse ano e não podemos votar no imbecil que fala mais bobagem, no imbecil que mais agride os outros”.
Se comparado com o que disse, esta semana, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Lula não precisa se desculpar. Na Califórnia, em um ato público de arrecadação de fundos para financiar sua campanha à reeleição, disse Biden sobre Vladimir Putin, o presidente da Rússia:
“É um filho da puta de um maluco”.
Putin respondeu com elegância. Chamou Biden de cowboy de filme de Hollywood, mas disse que o prefere a Donald Trump na presidência dos Estados Unidos. Se quisesse atingir o ponto fraco de Biden, Putin poderia tê-lo chamado de “velho gagá.” Bastaria.
Ninguém supera Bolsonaro no uso de palavrões e no abuso de falas agressivas, nem mesmo Donald Trump, seu espelho. Na reunião ministerial de 5 de julho de 2022 para tratar do golpe que se frustrou, Bolsonaro falou 5 palavrões em um intervalo de 37 segundos:
“Nós vamos esperar chegar [19] 23, [19] 24 para se foder e vai se perguntar ‘por que eu não tomei providência lá atrás’, e não é providência de força não, caralho. Não é dar tiro, ô, Paulo Sérgio [Nogueira, então ministro da Defesa], colocar tropa na rua, tocar fogo, aê, metralhar, não é isso, porra”.
Bolsonaro promete não dizer palavrões nem ser agressivo no seu discurso de amanhã à tarde na Avenida Paulista. Corre o risco dos seus devotos não gostarem.