São Paulo – O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), ouviu, nesta segunda-feira (18/12), uma série de recomendações dos conselheiros do Tribunal de Contas do Município (TCM) sobre a necessidade de assegurar mais investimentos da Sabesp na cidade caso prossiga com o plano de ajudar o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) a privatizar a companhia de saneamento do estado, o que deve ocorrer no ano que vem.
A conversa ocorreu em um almoço entre Nunes, os cinco conselheiros do TCM e o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União), marcado após a eleição no tribunal que reconduziu o atual presidente da Corte, Eduardo Tuma, para um novo mandato de um ano.
Nunes manteve uma relação conturbada com o TCM ao longo deste ano, fazendo uma série de críticas ao órgão em meio à publicação de relatórios técnicos que apontavam falhas em sua gestão. No caso mais recente, ele disse que o tribunal informava primeiro a imprensa e depois ele sobre os problemas encontrados em sua administração.
Já o TCM tem feito críticas especialmente aos mais de R$ 3 bilhões gastos pela Prefeitura em obras sem licitação na cidade. Um dos relatórios do órgão encontrou superfaturamento de R$ 67 milhões em obras de drenagem urbana.
No almoço, porém, o prefeito e os conselheiros evitaram a relação conturbada e trataram de temas institucionais. Houve preocupação do órgão até em oferecer risoto de camarão – um dos pratos favoritos do prefeito – no cardápio, que teve também como opções salmão e filé mignon. O prefeito comeu um pedaço de cheesecake de sobremesa.
Os conselheiros disseram que o prefeito precisa garantir que a privatização da Sabesp, aprovado neste mês pela Assembleia Legislativa (Alesp), seja feita de uma forma que garanta os investimentos necessários para erradicar problemas na cidade, como a falta de coleta e tratamento de esgoto e a despoluição de rios e córregos.
A exigência de mais dinheiro da futura Sabesp para apoiar a privatização da companhia estadual, defendida pelos TCMs, também é cobrada por Milton Leite, que patrocinou uma comissão especial no Legislativo para discutir o tema e calcular quais seriam os valores em investimentos da empresa a serem assegurados.
Leite já disse que a empresa lança “um lodo de fezes” nas represas usadas como reservatórios para captação e abastecimento de água na capital.
O prefeito deve enviar um projeto de lei no começo do ano à Câmara Municipal autorizando que o contrato vigente entre a Sabesp e a Prefeitura seja mantido caso o governo Tarcísio execute a privatização e deixe o controle acionário da companhia.