Nunes decide tirar viação suspeita de elo com PCC do “ônibus aquático”

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São Paulo — O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), decidiu tirar a operação do futuro Aquático SP, transporte público feito por barcos na represa Billings, da Transwolff, empresa de ônibus suspeita de ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Agora, a operação do “ônibus aquático”, que ainda não tem data para ser inaugurado, será feita pela São Paulo Transporte (SPTrans), empresa municipal que gerencia o sistema de ônibus da capital paulista. A medida deve ser detalhada nesta terça-feira (16/4) pela gestão Nunes.

A Transwolff já está sob intervenção da Prefeitura de São Paulo, junto com a viação Upbus, desde a última terça-feira (9/4), quando as duas empresas foram alvo de uma operação do Ministério Público (MPSP) que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro para a facção criminosa.

Ao todo, seis pessoas foram presas na Operação Fim da Linha, incluindo Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, dono da Transwolff. No dia seguinte, o MPSP denunciou 26 pessoas por organização criminosa, extorsão, lavagem de dinheiro e apropriação indébita.

A decisão de retirar o projeto da Transwolff, que opera linhas de ônibus na zona sul da cidade, foi tomada na tarde desta segunda-feira (15/4), em uma reunião feita para avaliar ainda os impactos da operação da semana passada. Desde então, técnicos da Controladoria e da Procuradoria Geral do Município fazem um pente-fino nos livros contábeis da empresa.

Membros da procuradoria ainda devem detalhar como formalizar a mudança da operação dos barcos do Aquático, uma vez que a aquisição das embarcações e as obras para viabilizar o deslocamento pela represa Billings foram feitas em parceria com a Transwolff.

No entorno de Nunes, a decisão da Justiça de repassar a gestão das empresas investigadas para interventores nomeados pelo prefeito foi vista como uma chance de a Prefeitura mostrar competência, mantendo a operação das linhas ao mesmo tempo em que contribui com as investigações.

Contudo, a associação do Aquático a uma empresa suspeita de ligação com o PCC poderia contaminar negativamente o novo modal de transporte, considerado uma das vitrines eleitorais de Nunes, que tentará a reeleição nas eleições de outubro deste ano.

O projeto do “ônibus aquático” pode reduzir de uma hora e meia para 30 minutos o tempo de viagem de moradores que residem em bairros do extremo da zona sul paulistana, como o Cantinho do Céu, nos fundos da represa.

A Prefeitura já se prepara para o cenário em que a intervenção determinada pela Justiça na empresa seja por um longo período, ou mesmo permanente, diante das implicações criminais dos dirigentes da Transwolff. Os técnicos agora se preocupam em garantir que não haja impactos para a população.

Liberação da Justiça

Nesse domingo (14/4), a Justiça de São Paulo liberou a inauguração do Aquático SP, atendendo a um recurso da Prefeitura. O Aquático SP estava barrado na Justiça desde o dia 26/3, quando o juiz Antonio Augusto Galvão de França, da 4ª Vara da Fazenda Pública, considerou que o projeto tinha “elevado risco de dano ambiental” e vetou o início do transporte na represa, atendendo a um pedido do MPSP.

Agora, o desembargador Nogueira Diefenthaler, da 1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente e relator do caso na 2ª instância, aceitou os argumentos da gestão Nunes. O magistrado afirmou que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) “não vislumbrou impactos ambientais representativos que justificassem a emissão de licenciamento ambiental” e que não há justificativa para a paralisação do projeto piloto.

Na decisão, o desembargador também diz que, sem o Aquático, a população poderia usar meios “mais poluentes” para se transportar na região, como o carro.

Encalhado

Promessa de Nunes para a zona sul paulistana, o Aquático SP enfrenta uma série de atrasos desde que o projeto foi anunciado pelo prefeito. Em agosto de 2023, em entrevista à rádio CBN, Nunes disse que o barco deveria operar ainda no ano passado.

Meses depois, em 17/1 deste ano, Nunes postou vídeo em sua conta no Instagram, ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), prometendo para fevereiro o início da operação do barco na Billings, o que não ocorreu.

No início de março, após mais um atraso,  Nunes prometeu que o projeto iniciaria até o fim daquele mês e marcou a inauguração para o dia 27/3, mas o transporte encalhou, desta vez, com a decisão da Justiça.

O Ministério Público é contrário ao início do projeto neste momento e afirma que faltam estudos de impacto ambiental para permitir o início da operação do barco. Alegou, ainda, “falhas no licenciamento do Aquático-Billings”.

Segundo a Prefeitura, o novo sistema foi elaborado junto à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP) e se trata de uma política pública aguardada pela população com grande entusiasmo.

Como funciona o Aquático

O Aquático é um barco com capacidade para 60 passageiros por viagem que vai ligar o Cantinho do Céu, no Grajaú, à região da Pedreira, uma distância de cerca de 5,6 km. A Prefeitura promete que o trajeto será feito em apenas 15 minutos e que vai transportar cerca de 10 mil pessoas por dia, em um sistema interligado ao bilhete único.

Hoje, quem vive na região gasta cerca de 1h20 para deixar o bairro, superpopuloso e com poucas rotas de saída por transporte terrestre.

A empresa responsável por operar o Aquático é a Transwolff, alvo de uma operação policial na última semana por suspeita de elo com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Desde o dia 9, a empresa está sob intervenção da Prefeitura de São Paulo, que tem comandado a operação das linhas de ônibus administradas por ela através da SPTrans.



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