Nesta quarta-feira (28/2), completam-se duas semanas desde que dois detentos se tornaram os primeiros a escapar de uma prisão de segurança máxima no Brasil. Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró e desapareceram durante a madrugada de 14 de fevereiro. Embora centenas de policiais atuem no encalço dos fugitivos, ele têm tido sucesso na fuga.
De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, integram a força-tarefa 540 agentes federais — o que engloba a Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Força Nacional — além de quadros das forças estaduais, como policiais civis e militares. Além disso, há o apoio de drones, helicópteros e cães farejadores.
Os agentes, no entanto, são desafiados tanto pelas táticas adotadas pelos fugitivos quanto pelos obstáculos impostos pela natureza local. A região, como exposto pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, dificulta as buscas por contar com regiões de mata e dispor cavernas, onde os detentos podem facilmente se esconder.
Além disso, outro obstáculo são as chuvas que atingiram a região, de tal forma que foram capazes de apagar rastros dos fugitivos que poderiam ser encontrados pelos cães farejadores. Somam-se às intempéries as estratégias adotadas pelos criminosos, que ameaçam e convencem moradores da região para conseguir ajuda com esconderijo e alimentos.
No início desta semana, a PF prendeu o dono de uma propriedade utilizada pelos para se esconder, na zona rural da cidade de Baraúna (RN). Como mostrou a coluna Na Mira, do Metrópoles, Ronaildo da Silva Fernandes, de 38 anos, é suspeito de fornecer abrigo e comida aos foragidos em troca de R$ 5 mil. Até o momento, a força-tarefa prendeu cinco pessoas.
Tempo é obstáculo
Michel Misse, professor de sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), considera que, embora os detentos tenham utilizado técnicas até então bem-sucedidas, é uma questão de tempo até que sejam encontrados.
“Eles conseguiram ganhar tempo. Houve um lapso grande entre descobrirem o que estava acontecendo e a fuga deles. Isso permitiu a eles ganhar distância”, avalia. “Quanto mais tempo passa, mais difícil fica para a polícia. A área vai aumentando: o que era um município passa a ser um estado, que passa a ser mais de um estado e vai aumentando”.
“Eles fazem reféns e fazem ameaças, mas vão deixando indícios pelo caminho. Ao mesmo tempo que eles vão ganhando tempo, eles vão deixando rastros, e são esses rastros que vão ajudar a polícia a encontrá-los”, detalha. “A posição mais correta é tentar encontrá-los vivos para esclarecer tudo”, complementa o especialista.
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Rogério Mendonça e Deibson Nascimento, fugitivos do presídio federal de Mossoró
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A fuga
Deibson Cabral Nascimento, o “Deisinho” ou “Tatu”, e Rogério da Silva Mendonça escaparam da prisão de segurança máxima por volta das 3h30 de 14 de fevereiro. Os criminosos, que são integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV), fugiram por um buraco na parede de uma das celas.
Para a fuga, que é considerada a primeira desde a inauguração desse tipo de prisão no Brasil, os detentos utilizaram ferramentas da obra que ocorria na unidade prisional. As câmeras do local não capturaram o momento, porque não estavam funcionando.
A Penitenciária Federal de Mossoró foi inaugurada em julho de 2009 e fica em uma área rural no Rio Grande do Norte.