ONU reforça que Gaza segue sem entrada de ajuda humanitária

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A Faixa de Gaza não está recebendo qualquer ajuda humanitária desde o início de operações militares israelenses na passagem de fronteira de Rafah, ao sul da Faixa de Gaza.

O diretor de assuntos da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa) afirmou em sua rede social, nesta quarta-feira (8/5), que houve bombardeios na área durante todo o dia. Segundo Scott Anderson, nenhum combustível ou suprimento entrou no enclave, o que é “desastroso para a resposta humanitária”.

Crianças em perigo

A entrada de fronteira com o Egito e a passagem de Karem Shalom, na divisa com Israel, eram as principais formas de abastecer o enclave desde o início dos combates, em outubro de 2023.

Na terça-feira (7/5), o porta-voz do Escritório de Assuntos Humanitários (Ocha) da ONU, Jens Laerke, explicou que Rafah, única passagem por onde entra combustível, está sob o controle das forças israelenses.

Com operações militares e sem acesso, Laerke destacou que fica cada vez mais difícil evitar a fome no enclave e atender pacientes nos três hospitais funcionais de Rafah, que seguem sobrecarregados.

Famílias fogem em busca de segurança

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com a escalada em Rafah, centenas de famílias com crianças começaram a fugir de suas casas e abrigos para lugares que poderiam ser mais seguros.

A equipe do Unicef continua a atender às necessidades críticas das crianças na Faixa de Gaza, mas o acesso está se tornando cada vez mais difícil e perigoso.

Também em seu perfil nas redes sociais, o chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, ressaltou que as equipes das Nações Unidas permanecem em Rafah, onde mais de 1 milhão de pessoas buscam abrigo, sendo 600 mil, crianças.

Para ele, as decisões tomadas e suas consequências no “sofrimento humano” serão lembradas por gerações.

Segundo o Ocha, milhares de famílias palestinas iniciaram novas viagens de deslocamento de Rafah para as áreas centrais da Faixa de Gaza após as operações militares de Israel nas áreas orientais da cidade.

Ruas da área oeste do enclave ficaram lotadas com milhares de carros e caminhões transportando pessoas deslocadas e suas tendas para serem instaladas no centro da Faixa de Gaza, em meio a um estado de tensão e ansiedade vivido pelos residentes.

A Unrwa reforça que “nenhum lugar é seguro em Gaza”. As instalações da agência foram atacadas 368 vezes desde o início da guerra e pelo menos 429 pessoas deslocadas que estavam abrigam nas estruturas da agência foram mortas.

Situação em Jerusalém Oriental

O comissário-geral da Unrwa, Philippe Lazarini, publicou em sua rede social um vídeo em que mostra que a sede da agência em Jerusalém Oriental foi vítima de um protesto convocado por um membro eleito do município.

Para ele, os atos são de “assédio, intimidação, vandalismo e danos à propriedade da ONU” e ocorreram sob a vigilância da polícia israelense. Lazarini lembra que é esperado que os países anfitriões, neste caso Israel, “protejam as instalações, as operações e a equipe das Nações Unidas em todos os momentos”.

Cisjordânia

O chefe do Escritório de Direitos Humanos na Palestina, Ajith Sunghay, falou à ONU News sobre o aumento da violência na Cisjordânia ocupada. Ele afirmou que a Forças de Defesa Israelense “está agindo como se houvesse um conflito armado” na área.

Ele explicou que a forma como as forças israelenses estão conduzindo operações na região “são geralmente usadas em um conflito armado, não na aplicação da lei”.

Outro ponto de preocupação citado por ele são as restrições de movimento, prisões e detenções. Segundo Ajith Sunghay, as pessoas não podem se deslocar entre as cidades e comunidades dentro da Cisjordânia.

O representante da ONU afirma que isso teve um grande impacto na economia, nas estruturas familiares e na comunidade palestina em geral.

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