Metade dos trabalhadores pretende sair em busca de um novo emprego — seja na sua área ou em novos ares. É o que mostra levantamento da consultoria de recrutamento Robert Half, adiantado com exclusividade para a CNN.
Dentre aqueles que desejam mudar, a maioria (64%) pretende fazê-lo por meio de troca de empresa, seja por melhores oportunidades de crescimento, salários mais altos, novos desafios, melhores benefícios e a possibilidade de trabalharem em modelo remoto ou híbrido.
Já os outros 36% procuram uma mudança de área de atuação ou profissão em busca também de melhores salários e mais flexibilidade, contudo com novos impulsos: os de realização pessoal, qualidade de vida e outros aprendizados.
Para Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half América do Sul, o cenário expõe transformações no mercado de trabalho, sobretudo na fatia da população considerada qualificada, aqueles com 25 anos ou mais e ensino superior completo.
“Nos últimos anos, testemunhamos uma completa mudança de prioridades e esse desejo por movimentação profissional é reflexo disso”, explica. “Vale a pena observar que atingimos o menor índice de desemprego desde 2015. A confiança dos profissionais reflete as condições do mercado”.
Por isso, para o Mantovani, as empresas devem se atualizar quanto às remunerações, benefícios e políticas claras de trabalho para se manterem atrativas e competitivas no cenário de desafios diários.
Mercado aquecido
O cenário do mercado favorece esses ensejos dos trabalhadores. O índice de desemprego qualificado ficou em 3,3% no terceiro trimestre de 2023, 0,50 ponto percentual (p.p) abaixo do mesmo período do ano anterior, conforme o Índice de Confiança Robert Half (ICRH), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento da consultoria também mostrou que o número de pessoas que está confiante em conquistar uma recolocação nos próximos seis meses aumentou para 36%, 3 p.p. a acima da última pesquisa realizada.
“O cenário é promissor para os candidatos atentos às novas demandas das empresas, que concorrem de forma acirrada pelos melhores talentos do mercado”, diz Mantovani.
“Job hopping”
A toda essa motivação presente no mercado de trabalho tem se atribuído um nome: “job hopping” (opção de mudança de carreira, tradução do inglês).
Segundo a Robert Half, o termo ganhou força fora do Brasil e estão em alta em vários países. Os “job hoppers” podem mudar com frequência de empresas ou até mesmo de segmento, o que pode ser bom para os trabalhadores, mas acende um sinal de alerta para as empresas.
Os recrutadores avaliam os candidatos com esse tipo de histórico com algumas ressalvas. Para 69%, é necessário entender o contexto e as razões para as mudanças.
Já pouco mais da metade (55%) se preocupa com a estabilidade, e uma porcentagem menor dos empregadores (46%) acreditam que pode indicar algum tipo de dificuldade de adaptação.
Mantovani reforça que buscar pela realização profissional, enquanto o mercado de trabalho está se transformando, não é avaliado como algo negativo. Isso porque se mostra “relevante os aprendizados e conquistas de cada experiência”.
Contudo, “a carreira precisa ser encarada de forma estratégica e aqueles profissionais ‘pula-pula’ que não souberem justificar bem as mudanças ainda podem ser malvistos pelo mercado”, alerta o executivo.