A Polícia Federal citou uma reunião entre o senador Luiz Carlos Heinze, do PP do Rio Grande do Sul, e o então presidente, Jair Bolsonaro, no contexto de encontros organizados para organizar manifestações a favor do golpe militar.
Na decisão em que autorizou a operação deflagrada na quinta-feira (8/2), Alexandre de Moraes escreveu que, a partir do dia 11 de novembro de 2022, “iniciaram-se tratativas para realização de reuniões, que efetivamente ocorreram, com a presença de integrantes civis do governo e integrantes das Forças Armadas, para a finalidade de planejar e executar ações voltadas a direcionar e financiar as manifestações que pregavam um golpe militar, com a finalidade de manter o então Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, no poder, mesmo após ter perdido as eleições democraticamente realizadas”.
Moraes citou, então, trecho do relatório da PF sobre um encontro ocorrido em 12 de novembro de 2022. A agenda presidencial mostra que, naquela ocasião, Heinze de fato foi até o Palácio da Alvorada para conversar com Bolsonaro. Segundo a investigação da PF, também participaram da reunião o general Walter Braga Netto e os militares do Exército Rafael Martins de Oliveira, Hélio Ferreira Lima e Angelo Martins Denicoli.
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, trocou mensagens com Braga Netto sobre o encontro. Na conversa, Cid afirmou que não iria participar porque já sabia qual seria o assunto tratado.
Com exceção de Heinze, que não é investigado, todos os participantes da reunião foram apontados pela PF como integrantes de núcleos que tentavam concretizar o golpe militar. Braga Netto atuava para “incitar militares a aderirem ao golpe de Estado”, enquanto Oliveira e Lima pertenciam ao grupo “operacional de apoio às ações golpistas”. Já Denicoli tinha participação no núcleo de “desinformação e ataques ao sistema eleitoral”.
A coluna procurou Heinze para comentar o assunto, mas não houve retorno. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.