PF prende servidor da Saúde de RR suspeito de desviar medicamentos destinados aos Yanomami

AMAZONAS

A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (6) Harisson Moraes da Silva, servidor comissionado da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), suspeito de desviar medicamentos destinados ao povo Yanomami. Ele estava na sede da secretaria, em Boa Vista, quando foi preso. A informação é do site g1.

A prisão ocorreu uma semana após vários remédios serem encontrados pela Polícia Civil em uma casa abandonada e jogados até dentro de uma fossa no bairro São Francisco, na zona Norte da capital. O material não foi catalogado, mas os agentes estimam que tinham mais de 50 caixas, entre anestésicos, anti-inflamatórios, antibióticos e outros tipos. O g1 tentou contato com a defesa de Harisson.

Em nota, a Sesau informou que a prisão do servidor “não tem relação com nenhuma das atividades junto à Sesau, e está relacionada à operação envolvendo órgãos federais responsáveis pela saúde Yanomami”. A pasta se colocou à disposição qualquer esclarecimento sobre a investigação.

O servidor investigado e preso pela PF tem um salário de R$ 14.317,17 por mês, conforme o portal da transparência do governo de Roraima. A Sesau informou ainda que vai adotar todas as medidas administrativas pertinentes aos caso.

Os remédios encontrados estavam dentro de sacos de lixo, caixas, jogados até dentro de uma fossa e havia indícios de que seriam queimados. A PF foi acionada e abriu investigação. Os remédios eram destinados aos indígenas da Terra Yanomami.

A PF suspeita que os remédios foram escondidos na casa abandonada após segunda fase da Operação Yoasi, deflagrada em outubro do ano passado (entenda mais abaixo). A Operação Yoasi investiga um esquema de desvio de recursos públicos federais do Dsei-Y envolvendo agentes públicos e empresários.

Os medicamentos eram endereçados ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y) — órgão do Ministério da Saúde (MS) responsável pela saúde indígena Yanomami.

Entre os medicamentos encontrados, tinham:

Amoxicilina, medicamento usado no tratamento de infecções bacterianas que causam pneumonia, uma das principais causas de mortes no território Yanomami;
Nistatina, usado no tratamento de infecções por fungos;
Cloridato de lidocaína, usado como anestésico;
Ivermectina, usada no tratamento contra por vermes ou parasitas, problema também enfrentado pelas crianças Yanomami;
Permenati, remédio utilizado para o tratamento contra parasitas, como piolhos e ácaros.

A suspeita é de que a maioria dos medicamentos estavam vencidos desde 2021, quando a Terra Indígena Yanomami já enfrentava crise na saúde. A falta de medicamentos foi alvo duas vezes de operação da Polícia Federal.

Operação Yoasi

A Operação Yoasi, que investiga um esquema de desvio de recursos e de medicamentos para crianças Yanomami, foi deflagrada pela PF em duas fases no ano passado.

A segunda foi em outubro de 2023. Agentes cumpriram quatro mandados de busca e apreensão pra aprofundar investigações sobre a lavagem de recursos do desvio de medicamentos destinados ao povo Yanomami.

À época, os alvos foram um empresário e servidores do Dsei-Y suspeitos de investir quantias de dinheiro em empresas suspeitas para tentar fazer com que parecesse que o valor desviado era de origem lícita.

A primeira fase da operação, deflagrada em novembro de 2022, investigou o suposto esquema que teria deixado mais de 10 mil crianças Yanomami desassistidas, com a efetiva entrega de apenas 30% dos medicamentos adquiridos pelo Dsei-Y.

Maior território indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami passa por uma grave crise humanitária e sanitária em que dezenas de adultos e crianças sofrem com desnutrição grave e malária. Desde o dia 20 de janeiro de 2023, há um ano, a região está em emergência de saúde pública.

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