O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve ser ouvido nesta sexta-feira (22/3), às 13, pelo juiz instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes. A sugestão para que ele foi ouvido partiu da Polícia Federal (PF), para que o militar esclareça áudios em que ataca o ministro do STF e a própria corporação.
A informação é do colunista Gerson Camarotti. Os áudios foram divulgados pela revista Veja na noite dessa quinta-feira (21/3). De acordo com a reportagem, Cid afirmou que a corporação está com a “narrativa pronta” e que os investigadores “não queriam saber a verdade”.
Com a divulgação dos áudios, a Polícia Federal pode reavaliar a delação premiada de Mauro Cid, que foi aceita pela instituição em setembro de 2023.
Em nota, a defesa de Cid afirmou que, em nenhum momento ele coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do STF na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador. “Seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios”, completou.
“Referidos áudios divulgados pela revista Veja, ao que parecem clandestinos, não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando”, declarou a defesa de Cid.
Segundo os advogados, esse “desabafo” vem “da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda”.
“[…] Mas que, de forma alguma, comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial, na presença de seus defensores constituídos e devidamente homologada pelo Supremo Tribunal Federal nos estritos termos da legalidade”, continuou.
Esclarecendo críticas à PF
Inicialmente, os investigadores queriam chamar Cid para esclarecer questões envolvendo os áudios. Porém, mudaram a rota e acharam melhor sugerir que o ex-ajudante de ordens seja ouvido pelo juiz instrutor, já que Cid os colocou sob suspeição.
À jornalista Andreia Sadi, fontes ligadas à investigação, disseram acreditar que Cid só tem a perder, já que a avaliação é a de que a delação do ex-ajudante de ordens só corrobora com as demais provas que a Polícia Federal já tem, trazendo poucas novidades.
Integrantes da PF avaliam ainda que Cid parece estar tentando mandar recados para o círculo pessoal dele, criticando a corporação e o ministro Alexandre de Moraes.
Entre militares, o movimento de Cid — se confirmado como gesto a Bolsonaro — é considerado um tiro no pé, uma vez que a investigação já se mostrou bastante aprofundada no que diz respeito ao ex-ajudante de ordens.