A professora Bianca Moreira Carneiro, 43 anos, é mãe de duas meninas gêmeas que foram levadas pelo ex-marido para o Líbano em 2022. A mulher não vê suas filhas desde então. O contato com as crianças, que têm apenas 5 anos, é mínimo já que elas não conseguem mais se comunicar em português.
Bianca foi casada com um cidadão libanês e teve duas filhas com o homem, mas o relacionamento terminou em fevereiro de 2022. “Em abril do mesmo ano, elas iriam passear com o pai. Então, ele veio buscar elas no sábado, e no domingo já recebi uma ligação por vídeo dizendo que estava no Líbano com elas. Foi aí que começou o meu pesadelo”, declara a professora.
De acordo com a mulher, o ex conseguiu sair do país com as gêmeas porque uma procuração, assinada por ambos anteriormente, permitia que as crianças viajassem com apenas um dos genitores. “Hoje, elas continuam no Líbano, quase dois anos depois. Elas não falam em português, porque elas foram privadas de ter contato comigo. Eu conseguia falar com elas quase diariamente por vídeo nos primeiros seis meses, mas depois disso as ligações foram ficando cada vez mais espaçadas”, conta Bianca. Além disso, todos os contatos são vigiados pelo pai.
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Em agosto de 2022, uma decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) aceitou uma concessão de tutela de urgência e indicou que a mulher tivesse a guarda unilateral das meninas. Também foi expedido um mandado de busca e apreensão pelas gêmeas e o aviso foi encaminhado à Polícia Federal (PF) e à Interpol. No entanto, segundo a professora, as ações não surtiram efeito porque o Líbano não é signatário da Convenção de Haia.
“Legalmente, do ponto de vista jurídico, ele não saiu de forma ilegal, mas na procuração constava que as crianças poderiam viajar desacompanhadas de um dos pais desde que tivesse data marcada para a volta, a passagem de retorno deveria estar emitida, e essa passagem estava emitida para o dia 21 de junho de 2022. A partir do momento que, nesta data, ele não retornou, o ato foi configurado como ilegalidade”, aponta.
Agora, a mulher divulga o seu relato nas redes sociais para tentar ver suas filhas novamente: “Eu busco um equilíbrio para conseguir manter as minhas atividades, para trabalhar e fazer as coisas que me fazem bem, mas tem épocas que são muito difíceis. É difícil até levantar pra fazer as coisas, tocar a vida normalmente. Tem momentos em que eu me sinto anestesiada, tem momentos em que eu me sinto desesperada, que eu me sinto completamente sem esperança”.
Bianca Carneiro tem usado a internet como aliada, no que descreve como um “pedido de socorro”. Em um perfil no Instagram, ela detalha a saga de como as filhas foram levadas para Líbano.