As escolas de samba do Amazonas precisam se profissionalizar, rompendo a dependência de grupos políticos. Samba e política não combinam.
É verdade que as escolas gastam com fantasias, carros alegóricos e toda uma estrutura que vai da escolha de tecidos à contratação de costureiras que confeccionam as fantasias.
É uma fábrica de sonhos, com uma multidão de operários que no final se transformam em passistas na avenida. Gente, na sua maioria, muito simples, que entra em cena numa única noite, exuberante, em que se despe numa sensualidade que, para muitos, tem gosto de mel.
As escolas precisam respeitar isso, bancar os custos sem recorrer a apelos com claro sentido eleitoral. Devem fazer isso em respeito aos que ser entregam ao desfile por amor.
Gente que, sambando, esquece as dores, a semana seguinte de trabalho mal remunerado.
“Quem sabe a gente leva esse sonho pra casa, o troféu de campeã”, diz dona Perpétua. Haja coração!
Os jurados se reúnem. A escola ganha, mas o troféu fica com o político que patrocinou as fantasias e molhou a mão de muitos caras.
Dona Perpétua começa a perceber que tem calos nos pés e doem. O suor ainda escorre de seu rosto misturado às lágrimas. Quer chegar perto do troféu. Ninguém deixa. Está nas mãos do político que sorri, rodeado por bajuladores…