Costuma-se atribuir o colapso no sistema de saúde à forte demanda por leitos – como ocorreu há dois anos com a pandemia de Covid 19. Mas quando o problema reaparece, sem nenhuma relação com pandemias e ocupação de leitos, é porque ele sempre existiu e é consequência do excessivo poder dado a diretores de unidades hospitalares de fazerem compras diretas, sem controle. Assim, a aspirina que em tese custaria R$ 0,20 a unidade adquirida por um hospital, o mesmo medicamento é cotado por outro a R$ 1,50, fora os contratos milionários da própria secretaria com fornecedores. Os recursos destinados à saude acabam drenados para o bolso de empresários e agentes públicos inescrupulosos. O resultado está aí: cooperativas sem receber, hospitais sem medicamentos e um caos generalizado.
Mudar essa situação calamitosa é um desafio que o governo do Amazonas deve e precisa tomar para si. Começando a dizer o que afinal prioriza. Obras ou saúde ?
No caso de obras, como anéis viários e reforma de feiras, essa é uma atribuição da prefeitura de Manaus. O mais é se intrometer na gestão municipal em razão de uma situação eleitoral que não deveria estar no radar do governo.
Ficar como está a saúde, não dá. São mais de R$ 2 bilhões empregados numa área onde o retorno é mínimo. Hospitais não podem continuar como decorações, onde o cidadão chega e não encontra tratamento ou porque o equipamento x está quebrado ou porque falta o medicamento y.
Não se pode também atribuir o problema ao atual secretário, médico Anoar Abdul Samad, que assumiu uma pasta cheia de vícios e de negócios difíceis de desmontar.
O governo do Amazonas precisa se reinventar nessa área crítica que é a saúde para atender as expectativas dos amazonenses. Ficar como está, não dá.
Houve muitos erros na área de saúde nos últimos anos. Foram lições amargas, mas ao que parece nada se aprendeu…