Vereador, deputado estadual por cinco mandatos consecutivos, entre 1999 e 2015, e, recentemente, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão, 59 anos, acumula 26 anos de vida pública envolvendo polêmicas, processos judiciais, suspeitas de corrupção, de fraude e até mesmo de homicídio.
Em janeiro, Brazão foi apontado, por meio de uma delação premiada feita pelo PM reformado Ronnie Lessa, como um dos mandantes do assassinato.
No início do ano, a principal hipótese levantada para que Brazão ordenasse o atentado contra Marielle — que acabou vitimando também o motorista Anderson Gomes — seria vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual pelo PSol, hoje no PT, e atual presidente da Embratur.
Isso porque, quando era deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Brazão entrou em diversas disputas com Marcelo Freixo, com quem Marielle Franco trabalhou por cerca de 10 anos antes de ser vereadora.
Domingos Brazão
Domingos Brazão, apontado como um dos mandante do assassinato de Marielle
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“Já matei vagabundo”
Em 2011, Brazão foi acusado de comprar votos por meio de uma ONG vinculada a ele, na campanha para o cargo de deputado estadual. Já em 2014, ele foi processado por ameaça pela radialista e na época deputada Cidinha Campos. Durante discussão, Domingos Brazão teria dito à parlamentar: “Já matei vagabundo, mas vagabunda ainda não”.
“Matei, sim, uma pessoa. Mas isso tem mais de 30 anos, quando eu tinha 22 anos. Foi um marginal que tinha ido à minha rua, à minha casa, no dia do meu aniversário, a mim e à minha família. A Justiça me deu razão”, contou Brazão, à época da briga com Cidinha Campos, ao jornal O Globo. Ele teria sido absolvido, porque o caso foi entendido como legítima defesa.
O político chegou a ser afastado do TCE-RJ em 2017, dois anos após assumir o cargo, e preso por suspeita de corrupção e envolvimento na Operação Quinto do Ouro, um dos desdobramentos da Operação Lava Jato no Rio. Em março de 2023, seis anos após ser afastado do TCE-RJ, a 13ª Câmara de Direito Privado determinou o retorno de Brazão ao órgão, por 2 votos a 1.
Em 2019, o nome de Domingos Brazão já havia aparecido nas investigações do assassinato de Marielle e, apesar de ter sido acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por obstrução de Justiça, a denúncia foi arquivada.