Morreu nesta sexta-feira (16/2), aos 47 anos, Alexei Navalny, principal opositor do presidente russo, Vladimir Putin. A informação foi publicada em diversas agências de notícias da Rússia, citando o serviço penitenciário do distrito autônomo de Yamal-Nenets. Navalny morreu na prisão e a causa da morte não foi divulgada.
Os apoiadores de Navalny disseram que não podiam confirmar que ele estava morto, mas que, se estivesse, acreditavam que ele havia sido assassinado. “As autoridades russas publicam uma confissão de que mataram Alexei Navalny na prisão”, escreveu o assessor de Navalny, Leonid Volkov, nas redes sociais.
“Não temos como confirmar ou provar que isso não é verdade”, continuou.
Em agosto de 2023, após ser considerado culpado de acusações de terrorismo, financiamento de atividades extremistas e criação de organização extremista, o líder da oposição russa foi condenado a 19 anos de prisão.
No fim de dezembro, pela rede social X (antigo Twitter), o prisioneiro contou ter sido transferido para a colônia prisional “Lobo Polar” (Polar Wolf), no Ártico, numa viagem que durou 20 dias, e que não esperava que o mundo tivesse notícias dele tão cedo.
Na publicação, Navalny brincou com a atual situação dele. “Eu sou o seu novo Papai Noel”. Apesar do tom jocoso, o adversário de Putin descreveu que o contexto não está nada favorável. “Eu não digo ‘Ho-ho-ho’, mas digo ‘Oh-oh-oh’ quando olho pela janela, onde posso ver uma noite, depois a noite e depois a noite de novo”, publicou.
Trajetória
Navalny se formou em direito na Universidade Russa da Amizade entre os Povos, em 1998. Seu ativismo começou por meio de um blog no qual fazia denúncias de corrupção nas empresas estatais russas.
Tornou-se conhecido pela opinião pública internacional há mais de uma década por organizar protestos contra o governo de Putin. Ele também disputou cargos eletivos, mas não foi eleito.
Ele chegou a ser detido algumas vezes após protestos anticorrupção. Por sua expressão política, alguns analistas consideravam um possível nome para enfrentar Putin.
Alexei Navalny
Alexei Navalny e sua advogada Olga Mikhailova participam de sessão
Rally in support of political prisoners in central Moscow
Rally in support of political prisoners in central Moscow
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Em agosto de 2020, Alexei Navalny havia sido transferido à Alemanha, após ter sido envenenado com produto chamado Novichok — veneno desenvolvido na União Soviética nos anos 1970 e 1980 que provoca o colapso de funções corporais, convulsões e parada respiratória.
Uma investigação realizada pelo portal de jornalismo investigativo Bellingcat, em parceria com a CNN, apontou ligação do Serviço de Segurança Russo (FSB) no envenenamento. A apuração constatou que uma equipe de elite do serviço acompanhou Navalny em viagens pela Sibéria.
Entre os integrantes do grupo, estavam especialistas em armas químicas.
Acusações contra Alexei Navalny
No ano passado, a Justiça russa condenou Navalny a 19 anos de prisão por extremismo. Segundo a acusação, ele teria criado uma comunidade extremista e financiado atividades de mesmo cunho.
O opositor de Putin já cumpria penas por outros delitos, as quais totalizavam quase 11 anos. No entanto, ele sustentou que as imputações a ele eram forjadas.
O julgamento terminou em junho deste ano, mas a sentença só saiu dois meses depois. A audiência que determinou a pena ocorreu a portas fechadas na colônia penal IK-6, em Melekhovo, a aproximadamente cerca de 250 km a leste de Moscou, onde o ativista estava detido anteriormente.
Durante a sessão, o ativista repudiou a condenação, a qual classificou como uma prisão perpétua. Ele também enviou mensagem a outros opositores e os incentivou a ir contra o governo.
“Você está sendo forçado a entregar sua Rússia sem lutar a uma gangue de traidores, ladrões e canalhas que tomaram o poder. Putin não deveria atingir o seu objetivo. Não perca a vontade de resistir”, declarou.
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Além de Alexei Navalny, o diretor de tecnologia do canal dele no YouTube, Daniel Kholodny, recebeu uma condenação de 8 anos por extremismo. Ele compartilhou uma carta no Telegram, na qual repudiou a pena que sofreu.
“É importante compreender: condenaram-me não por ser extremista, porque qualquer tolo pode perceber que não houve extremismo, mas para que você fique horrorizado com o meu destino e não pensasse em lutar”, disse.