Com o indiciamento pela Polícia Federal (PF) da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve brecar a lenta reaproximação que a congressista ensaiava. Zambelli e o hacker Walter Delgatti Neto foram indiciados pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
O hackeamento do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) foi o episódio que o hacker de Araraquara, a pedido de Zambelli, inseriu um mandado de prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O pedido tinha, até mesmo, a assinatura do magistrado.
Agora, bolsonaristas envolvidos em ações judiciais pregam o afastamento de Zambelli, já que consideram que a deputada será usada como exemplo por Moraes. Caso seja denunciada e condenada, Zambelli perde o mandato, fica inelegível e pode encarar a prisão.
Para os aliados mais próximos de Bolsonaro, não é bom que o ex-presidente fique perto de uma “máquina de problemas”, como definiram a deputada. Além desta ação, Zambelli já é ré no STF por crime de grave ameaça ao perseguir um homem negro no dia do primeiro turno de 2022. Esse episódio, inclusive, foi considerado pela campanha do então presidente Bolsonaro como o fator decisivo para a derrota para Lula (PT).
Zambelli só conseguiu se reaproximar de Bolsonaro no findar do ano passado, ao fazer defesas públicas ao ex-presidente. Ela também defendeu os colegas Carlos Jordy (PL-RJ) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), alvos de Moraes. Ela também foi mais “bem vista” pelo bolsonarismo após pedir o impeachment de Lula.
A deputada chegou a participar do ato bolsonarista do último domingo (25/02). Ela não chegou a discursar, mas subiu no carro de som que acompanhava o ex-presidente.
No X, Zambelli disse que não teme a cadeia. “Jornalistas estão me ligando se tenho medo de ser presa, ou seja, já está rolando essa história entre eles. Para meus seguidores: tenho temor a Deus e somente a Ele”, escreveu.