No Amazonas, até março deste ano foram registrados 83 estupros de crianças e adolescentes, de acordo com dados disponibilizados no site da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), enquanto em todo o ano de 2022 foram 95 casos, ou seja, um indicativo claro de aumento dos casos.
A cada hora, 3 crianças sofrem abuso sexual no Brasil, sendo que 51% delas têm idade entre 1 a 5 anos, de acordo com dados do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.
Amanhã, 18 de maio, será celebrado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, instituído pela Lei Federal 9.970/00. A data é uma referência aocrime de sequestro, estupro e assassinato da menina Araceli Crespo, que completa 50 anos neste 2023. A campanha é lembrada por meio da campanha de mobilização “Faça Bonito”
O aumento de registros e a redução da idade das vítimas, no caso de Manaus, para a assistente social Graça Prola, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cmdca), deve ser resultado da campanha de autodefesa que a Prefeitura de Manaus vem fazendo.
Graça, que está na Subscretaria de Políticas Afirmativas para Mulheres e Direitos Humanos da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc), cita o trabalho que vem sendo feito há três anos no município buscando ensinar as crianças mais novinhas a se autodefenderem.
“As crianças com idades bem baixas não conseguem verbalizar o que aconteceu, mas elas podem ser ensinadas a se autodefender e é isso que essa campanha vem fazendo por meio de material informativo, vídeos e vinhetas”, explica Graça, destacando que o rebaixamento da idade das vítimas cujos registros estão chegando pode ser reflexo desse trabalho.
Não há ainda uma pesquisa científica para comprovar, mas pela observação do cotidiano do trabalho, é possível concluir isso, diz a assistente social.
Já aquelas que não demonstram as características mais comuns das vítimas de abuso sexual, que é o choro sem motivo, não se sentam direito e não interagem, as mães ao fazer a higiene e observarem irritação ou alguma secreção nas artes íntimas podem levar para atendimento médico e este profissional aciona tanto a polícia quanto o conselho tutelar.
Graça assegura que a presença da família, no cuidado e na atenção com a criança são essenciais tanto para se evitar os abusos quanto para descobrir e denunciar. “Por isso, temos buscado chegar às famílias”, diz ela.
A escola também é um local importante para dar autonomia à criança e dar confiança para se manifestar, caso seja vítima, explica ela, citando que nos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) e em organizações da sociedade é feito o trabalho de acompanhamento das vítimas, visando minimizar os efeitos psicológicos da agressão.
Em Manaus, amanhã(18), a partir das 8h, a Prefeitura realizará a continuidade da programação do “Maio Laranja” iniciada no dia 03, que vem acontecendo diariamente nas unidades Centros de Referência e Assistência Social (Cras) e Creas, com uma caminhada partindo da bola do produtor, no bairro Jorge Teixeira, envolvendo alunos de escolas públicas, OSC, e secretarias municipais.