A política não tem delicadeza. Depois de três horas de conversa com Lula, Flávio Dino, futuro ministro do Supremo Tribunal Federal, telefonou para Ricardo Cappelli, seu amigo de longa data e ministro da Justiça e da Segurança Pública em exercício, e acertou de encontrá-lo, hoje, às 10h.
Em seguida, Lula anunciará oficialmente que Ricardo Lewandowski, ex-ministro do Supremo, sucederá a Dino como ministro da Justiça e da Segurança Pública. Antes ou depois do anúncio, Cappelli dará uma entrevista coletiva para comunicar que deixará o governo. “Para outro cargo não irei.”, disse ele a amigos.
E arrematou: “Não estou atrás de emprego”.
Não está, mas já recebeu convites para trabalhar no setor privado. Os filhos de Cappelli estão de férias nos Lençóis Maranhenses. Capelli irá encontrá-los, só retornando a Brasília entre os próximos dias 20 e 30 para passar o cargo a Lewandowski e fazer a transição no ministério. Cappelli destacou-se no combate ao golpe do 8/1.
A ele foi dada por Dino e Lula a tarefa mais arriscada: a de interventor no setor de segurança pública do Distrito Federal. Foi ele que comandou a Polícia Militar na repressão aos golpistas. E à frente de um batalhão, bateu à porta do QG do Exército para prender os amotinados.
O então comandante do Exército movimentou blindados e soldados para impedir a entrada de Cappelli na área de acampamento dos bolsonaristas. A prisão em massa só aconteceu no dia seguinte. Parentes de militares ganharam tempo para de madrugada escapar à prisão.
A política não é só indelicada, mas também ingrata.