São Paulo – Familiares de um jovem morto pela Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) no último 7 de fevereiro, em São Vicente, litoral sul de São Paulo, afirmam que ele era pessoa com deficiência visual e incapaz de enxergar a uma distância maior que 30 centímetros com um dos olhos. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, o caso é “rigorosamente investigado” pela Polícia Civil, com acompanhamento do Ministério Público de São Paulo.
Hildebrando Simão Neto, de 24 anos, foi morto na própria casa, na Avenida Oswaldo Toschi, no bairro Parque São Vicente. Segundo a SSP, policiais da Rota teriam ido até o local para averiguar uma denúncia de tráfico de drogas. No local, Davi Gonçalves Junior, amigo de Hildebrando, teria efetuado três disparos contra os PMs, que teriam revidado.
Davi morreu no local. Hildebrando, no entanto, foi socorrido pelo Samu e levado ao Hospital do Vicentino. Ele morreu no último dia 9.
Um relatório médico de 2016, em posse da Ouvidoria das Polícias de São Paulo e da Polícia Civil, aponta que Hildebrando foi diagnosticado com ceratocone, doença em que a córnea sofre um afinamento progressivo e protusão, assumindo a forma de um cone.
O ouvidor das polícias de São Paulo, Claudinho Silva, questionou a versão da Secretaria da Segurança Pública, com base nos relatos dos familiares e no relatório médico.
“Não é possível e não tem cabimento que uma pessoa cega, que não enxergava um palmo à frente do nariz, estava trocando tiros com a polícia. Isso não tem sentido”, afirmou Claudio, em entrevista à TV Tribuna.
Versão da SSP
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, os policiais da Rota apreenderam no local as armas que teriam sido usadas pelos suspeitos.
“O caso citado é rigorosamente investigado pela Polícia Civil, com o acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário. Na ocasião, os policiais apuravam uma denúncia de tráfico de drogas e dois homens em um imóvel apontaram armas para os PMs, que intervieram. O Samu foi acionado e os suspeitos conduzidos ao hospital, mas não resistiram aos ferimentos. No local, foi apreendido um fuzil calibre .556. As armas dos suspeitos e dos policiais foram recolhidas e encaminhadas à perícia”, diz a pasta.
Mortes no litoral
O número de mortos pela Polícia Militar (PM) após o assassinato do soldado Samuel Wesley Cosmo, no último dia 2, chegou a 31 nesta quarta-feira (21/2). Os dados do Gaesp mostram também outras três mortes ocorridas em Mongaguá e Itanhaém. Com elas, sobe para 34 o número de pessoas mortas em supostos confrontos com a corporação nas nove cidades da região metropolitana da Baixada Santista.
Caso sejam considerados os casos desde 26 de janeiro, depois da morte do policial Marcelo Augusto da Silva, então são 44 mortos por PMs nas cidades da região metropolitana da Baixada Santista.