Sargento abriu fogo contra colegas para impedir busca de armas em casa

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Policiais que participaram da ocorrência que terminou com a morte do pai de um feminicida, alvo de mandado de busca, relataram os detalhes da troca de tiros intensa em um espaço pequeno de um prédio do Gama. Segundo depoimentos narrados por eles, o sargento Gilmar Vieira de Melo (foto em destaque), pai do assassino, abriu fogo contra colegas de corporação e agentes da PCDF para impedir buscas de armas que seriam do filho.

Gilmar era sargento da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Ele acabou baleado durante operação do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), na última quinta-feira (8/2). A intenção era localizar armas de fogo ilegais vinculadas ao filho, Wesly Denny, 29 anos, suspeito de executar a ex-mulher no início de janeiro. O PM não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital, dois dias depois.

Tanto PMs quanto policiais civis que estiveram na ocorrência relataram o comportamento agressivo de Gilmar quando recebeu equipes para cumprimento de mandado de busca. Ele abriu a porta após muita insistência, já segurando uma arma no bolso e com dedo no gatilho.

Gilmar não obedeceu as ordens para largar o revólver e colocar a mão na cabeça. Um PM chegou a virar de costas para ele com o intuito de mostrar a inscrição “policial militar” nas costas do uniforme, deixando claro se tratar de um colega de corporação, mas o sargento da reserva não obedeceu e sacou a arma.


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Troca de tiros

Um agente da Polícia Civil do DF (PCDF), então, “se antecipou e realizou, um ou dois disparos na região dos membros inferiores de Gilmar, que foi ao chão e, mesmo ouvindo vários comandos para que largasse a arma, não obedeceu e iniciou disparos”, como traz o depoimento de um delegado que estava na operação.

Entre o apartamento do alvo do mandado e o corredor, um espaço bastante estreito, houve intensa troca de tiros. Eram quase 10 policiais, entre civis e militares, tentando fugir dos disparos e conter o homem. Alguns policiais tiveram que se abrigar na porta de incêndio, agachados. Eles contam que não foram atingidos por tiros na cabeça por centímetros.

Foi um PM que tomou a frente da troca de tiros, por estar melhor posicionado. Gilmar estava deitado de lado, de dentro da sala, disparando contra as equipes. Ele só parou de atirar quando “perdeu força, após ter sido alvejado”, segundo o delegado presente relatou.

A esposa de Gilmar chegou a ser atingida e também precisou de atendimento médico. Dois filhos do casal estavam em casa durante o crime. Os policiais taparam os olhos das crianças para verem o pai caído no chão alvejado por disparos. Segundo o PM que estava mais próximo do sargento da reserva durante a troca de tiros, Gilmar pode ter agido de forma intencional para morrer no confronto.

O feminicídio

Tainara Kellen Mesquita da Silva, 26, foi vítima de feminicídio na frente da própria filha, de 5 anos, em 10 de janeiro de 2024. O crime ocorreu na rua, na Quadra 29 do Setor Leste do Gama. O suspeito do assassinato é o ex-marido dela, Wesly Denny. Ele foi preso após uma operação conjunta da PMDF e de Goiás (PMGO) em 11 de janeiro, em Santa Maria.

Tainara trabalhava em um salão de beleza perto de onde morava. O acusado enviou um WhatsApp para a vítima de um número desconhecido se passando por cliente do salão e dizendo que queria agendar um serviço.

Com objetivo de atrair Tainara para fora do estabelecimento, Wesly mentiu que estava na rua, mas não estava encontrando o endereço. Quando a vítima saiu do local de trabalho, Wesly sacou a pistola e começou a atirar. Foram 16 disparos, dos quais pelo menos seis acertaram a mulher.

Mandados miram casas de familiares do suspeito de feminicídio, que possui registro de Colecionador, Atirador e Caçador (CAC) e matou a vítima com um tiro no rosto, quatro nas costas e um nas nádegas.

A investigação do feminicídio continua e as operações de procura das armas desdobram o caso. Quando Wesly Denny da Silva Melo era considerado foragido, sua casa foi alvo de buscas. Lá foi encontrada uma arma de fogo sem registro e documentos relacionados a outras armas, inclusive um fuzil.

Os armamentos não tinham identificação nos sistemas dos órgãos responsáveis pelo registro de armas e o Ministério Público verificou a necessidade dessa busca e apreensão das peças em situação irregular.

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