Após reunião com o governador do Rio, Cláudio Castro, o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, que anunciou que o ministro da Justiça, Flávio Dino, llançará o Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas na segunda-feira. Cappelli também afirmou que as ações no Rio não terão pirotecnia. As informações são do Extra.
O encontro, realizado na manhã desta sexta-feira, teve o objetivo de tratar da segurança pública do estado. A decisão por uma integração das forças estaduais e federais foi tomada após a divulgação de uma investigação da Polícia Civil que revela o treinamento de traficantes no Complexo da Maré, na Zona Norte da capital fluminense.
— A dificuldade e a complexidade do que é fazer segurança pública. Essas imagens, inclusive para nós, gestores, têm um tom de libertação. Porque, infelizmente, tem parte da sociedade que coloca traficante como bonzinho, vítima da sociedade. E essas imagens mostram o contrário: são criminosos de altíssima periculosidade, que não têm a menor pena de usar criança como escudo, de usar equipamento público da comunidade para fins de treinamento quase militar.
Centro de treinamento na Maré
O levantamento da polícia Civil, que durou dois anos, é o maior já feito sobre a atuação dos dois grupos criminosos — tráfico e milícia — que disputam o controle de territórios na região. Os investigadores fizeram centenas de horas de imagens usando drones. Em uma das sequências, é possível ver dois instrutores ensinando grupos de 15 a 20 homens armados com fuzis táticas para atacar e se defender com uso de armamento pesado.
Os exercícios de guerra acontecem em uma área que poderia servir de lazer para a comunidade, em uma quadra de futebol com piscina, ao lado de uma creche e de cinco escolas municipais, mas são de uso exclusivo dos criminosos.
O espaço de treinamento fica às margens da Baía de Guanabara e a poucos metros das três principais vias expressas que cortam a cidade: a Avenida Brasil, a Linha Amarela e a Linha Vermelha, caminho para o aeroporto internacional do Galeão, para Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e onde também há um batalhão da Polícia Militar.
O ataque ocorreu por volta das 21h da última quarta-feira. De acordo com a Polícia Militar, uma equipe do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE) foi acionada para o trecho em que o ônibus estava, na pista sentido Zona Oeste, altura da comunidade Joana D’Arc. A corporação informou que bandidos tentavam atear fogo no coletivo e acabaram lançando um explosivo artesanal contra o veículo.
A situação foi definida pelo motorista do coletivo como uma “cena de guerra”. Cercado por 10 criminosos, o rodoviário falou que ainda teve um revólver colocado em sua cabeça. Depois de invadir o coletivo e roubar os passageiros, um dos integrantes do grupo arremessou um explosivo no ônibus.
— Eu só escutei o estrondo nas minhas costas. Meu Deus! Fiquei sem saber o que fazer. Sem saber como agir. Você fica paralisado, traumatizado com o que está acontecendo. Muitas pessoas gritando dentro do carro, chorando, gente ferida — descreveu o motorista.
Castro se reuniu com cúpula na quinta-feira
Nesta quinta-feira, o governador Cláudio Castro compartilhou uma foto nas redes sociais ao lado da cúpula da segurança pública fluminense, “definir os principais pontos” a serem tratados no encontro.
A reunião acontece na mesma semana que investigação da Polícia Civil foi divulgada, revelando que traficantes recebem treinamento no Complexo da Maré, na Zona Norte da Capital.
Ao longo da semana, o governo federal anunciou que oferecerá o envio de homens da Força Nacional de Segurança para combater o tráfico no conjunto de favelas. Também é possível o acionamento da Marinha do Brasil, já que a localidade está às margens da Baía de Guanabara, conforme divulgou o blog do jornalista Bernardo Mello Franco.
Outra medida do pacote de segurança é que a Polícia Rodoviária Federal passe a fazer patrulhamento ostensivo, numa tentativa de coibir arrastões e roubos de cargas, conforme também noticiou o colunista Bernardo Mello Franco. A medida é uma determinação do ministro Flávio Dino, após um ônibus da linha 771 (Campo Grande—Coelho Neto) ter sido alvejado com um explosivo, deixando três pessoas feridas.