A margem de dúvida é minúscula. Nesta quarta-feira (8/5), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) vai, sim, cortar a taxa básica de juros do país, a Selic, em 0,25 ponto percentual (p.p.). Isso, ressalve-se, na opinião dos investidores que atuam no mercado de Opções de Copom, da Bolsa brasileira (B3).
Nesse segmento, segundo dados do fechamento de segunda-feira (6/5), 81,5% estão apostando na redução de 0,25 p.p.. Outros 15,45% creem numa queda de 0,5 p.p. e somente 2,55% entendem que a Selic permanecerá intacta.
Ressalte-se que a opção por um corte de 0,25 vem crescendo de forma expressiva ao longo do último mês (veja quadro abaixo). Em 10 de abril, ela estava estagnada em insignificantes 5,72% – agora, como mencionado, disparou para 81,5%.
Em sentido oposto, a popularidade de uma queda de 0,50 p.p. descambou. Ela sai dos 90,9% anotados em 10 de abril – ou seja, uma quase unanimidade – para alcançar os atuais 15,45%.
O retorno da dúvida
O fato é que o mercado não enfrentava uma dúvida desse tipo havia nove meses. Isso porque, desde 2 de agosto de 2023 e até 20 de março, o Copom cortou a Selic seis vezes seguidas, sempre em 0,5 ponto percentual. Nesse período, a taxa anual saiu de 13,75% para os atuais 10,75%.
Agora, contudo, a situação é diferente. A maré mudou e essa estabilidade das previsões desapareceu. As “incertezas” no cenário econômico, dizem os economistas, avolumaram-se, tanto no quadro interno quanto no externo.
Juros americanos
No caso internacional, foram para o espaço – ou quase isso – as previsões de cortes de juros nos Estados Unidos. No fim do ano passado, os analistas de mercado acreditavam que os juros da economia americana, hoje fixados no intervalo entre 5,25% e 5,50%, poderiam começar a cair em março.
Hoje, essa possibilidade deslocou-se para setembro. E como já mencionou o presidente do BC brasileiro, Roberto Campos Neto, alguns especialistas já adiaram esse prognóstico para dezembro.
Fiscal frouxo
Além dos juros americanos, em meados de abril, o mercado chacoalhou com o agravamento do conflito no Oriente Médio, com o ataque do Irã a Israel. Embora o confronto não tenha crescido – e alterado o preço do internacional do petróleo –, um novo alerta nesse sentido disparou entre os agentes econômicos.
No ambiente interno, a principal contribuição para a mudança de expectativa sobre o comportamento dos juros deu-se com a alteração da meta fiscal de 2025 e 2026, anunciada pelo governo federal em 15 de abril. Foi nesse dia que as apostas em um corte de 0,50 p.p. desabaram na B3.