Um ano antes de fechar o convênio de R$ 7,85 milhões com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para revisar o Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade do Distrito Federal (PDTU-DF), a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) desistiu do mesmo acordo que faria com a Universidade de Brasília (UnB).
A UnB disse à coluna que tem “diversos pesquisadores que atuam no tema de transporte e mobilidade”. A universidade informou que o Programa de Pós-Graduação em Transportes da UnB foi procurado pela Semob, em julho de 2022, justamente com o objetivo de desenvolver estudos e pesquisas para subsidiar a revisão do PDTU.
Após tratativas entre a UnB e a Semob, o então secretário da pasta, Valter Casimiro, teria aprovado o plano de trabalho, em março de 2023. No mesmo mês, a reitora da UnB, Márcia Abrahão, assinou o Termo de Cooperação Técnica. Dois meses depois, contudo, a Semob desistiu.
“Em maio de 2023, a UnB foi informada de que a Semob optou por não celebrar o Termo de Cooperação”, informou a UnB.
No último dia 9 de fevereiro de 2024, a Semob assinou convênio com o Laboratório de Transportes e Logística (Lab Trans), da UFSC, para a revisão do plano de transporte, em 16 meses. O acordo terá custo de R$ 7,85 milhões para o DF, de acordo com a pasta.
Por que não a UnB?
Em resposta à reportagem, a Semob confirmou que iniciou negociação com a UnB e disse que não foi dada sequência ao convênio “por razões técnicas”. “O trabalho seria feito com repasse de recursos para a UnB, mas, por questões técnicas, as tratativas foram interrompidas antes que os valores fossem definidos”, enfatizou.
Questionada sobre o motivo pelo qual optou por uma universidade de fora do DF em vez da UnB, a secretaria disse que, em 2023, os técnicos da Semob tiveram acesso aos trabalhos do LabTrans, “muito atuante nos órgãos de transporte e mobilidade na esfera federal, tais como Ministério dos Transportes e Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit)”.
“O que chamou bastante atenção dos técnicos da pasta foi a realização da Pesquisa Origem-Destino utilizando tecnologia e dados reais, realizado para a elaboração de um outro plano. Além disso, foi verificado o generoso portfólio de planos, estudos e projetos que o LabTrans possuía na área de transporte e mobilidade urbana”, justificou a Semob.
O repasse de R$ 7,8 milhões à UFSC será feito parcelas e a primeira será paga 10 dias após a assinatura do convênio. Segundo a Semob, o custeio será feito conforme a Instrução Normativa nº 1/2005 da Controladoria-Geral do DF e o Decreto nº 44.330/2023.
O objetivo de atualizar o PDTU é orientar o planejamento de transporte e mobilidade, considerando o crescimento das regiões administrativas e as necessidades de deslocamentos da população de 3,1 milhões de habitantes do DF, mais os passageiros do Entorno.
“Os pesquisadores irão levantar as condições reais de prestação dos serviços de transporte coletivo, e os dados para projeção de cenários futuros a serem desenvolvidos em até 15 anos”, informou a Semob.