Sobre “flanelinhas”, licença-maternidade e medalha

FAMOSOS


Na terça-feira 23, o deputado Rozenha (PMB) afirmou, durante um discurso no plenário da Aleam (Assembleia Legislativa do Amazonas), que os “flanelinhas” são marginais e não trabalhadores, pela prática de “extorsão”, tendo como vítimas principais mulheres e idosos. Rozenha assim se manifestou depois de um vídeo de uma professora, nas redes sociais, contando ter sido coagida a pagar R$ 30 reais para estacionar em via pública, durante um evento. “Eu acho que a Assembleia e a Câmara Municipal têm que produzir leis para que a gente possa ir para cima dessas pessoas que, na minha opinião, não são trabalhadores, são marginais”, afirmou Rozenha, cujo pronunciamento ganhou grande repercussão na mídia.


 O parlamentar até sugeriu que os “marginais” procurem emprego. “Essas pessoas precisam ir atrás de emprego, fazer cursos qualificadores. A sociedade não tolera mais abuso. As mulheres continuam sendo extorquidas por essas pessoas”. O Google tem uma definição para o conhecido flanelinha.  “Flanelinha ou arrumador é o apelido dado a um indivíduo que pede remuneração pelos serviços prestados no estacionamento, na limpeza ou na proteção de um veículo automóvel. O nome ´flanelinhas´ vem do uso de uma flanela para limpar os vidros dos automóveis”. Rozenha considera abuso pagar até R$ 50 (segundo ele), para “marginal, delinquente”. Até lembrou de um tempo em que havia ameaças de riscar o carro de quem não pagasse antecipadamente. 


Ex-vereador de Manaus, Rozenha está no primeiro mandato de deputado e mantém o mesmo discurso sobre os flanelinhas, como se pode verificar no seu histórico político. Sobre o assunto, este Portal manifestou seu posicionou na Coluna Bastidores, divulgada na quarta-feira 24. Chamá-los de bandidos “é generalizar e colocar do mesmo balaio pessoas honestas, que buscam meios de levar sustento para casa”, conforme o texto assinado pelo diretor-geral, Raimundo de Holanda. “É verdade que os preços cobrados pelos flanelinhas são altos, mas isso não autoriza ninguém a chamá-los de criminosos. Bandidos são os que, Brasil afora, fatiam secretarias e praticam um tipo de extorsão que alimenta a corrupção e revela o desprezo da classe política pelos cidadãos”, escreveu Holanda, que foi além.

  “Numa cidade onde há crescente desemprego e aumento progressivo do número de moradores de rua, a busca pela sobrevivência passa a ser um direito básico, fundamental, que se incomoda o deputado e a elite que vai a shows e quer espaço para estacionar o carro, mas não aciona o poder público para construir estacionamentos e disponibilizar segurança, a presença dos flanelinhas é a antítese da ausência do poder público”. Em outro trecho: “Por enquanto,  são eles, desdentados, famintos, cidadãos sem emprego, sem casa e sem esperança. Depois virão as milicias e o crime organizado com tentáculos na política, na polícia e nos órgãos de controle. Ou o esforço desses grupos não seria ostensivo no sentido de que seus soldados, formados em direito, participem de concursos públicos para infectar o Legislativo, o Executivo e o judiciário. É com esse problema, gravíssimo, que o deputado deveria se preocupar”.  


MAIS DA CASA DO POVO


Registre-se que, na quarta-feira 24, este portal divulgou três matérias sobre o Legislativo estadual, aqui comentadas. Além do discurso do deputado Ednailson Leite Rozenha, o presidente da Casa, Roberto Cidade (UB), apresentou Projeto de Resolução para homenagear a cunhã-poranga do Boi Garantido, Isabelle Nogueira, com a Medalha Ruy Araújo, a mais importante da Aleam. Isabelle participou do BBB24, reality da TV Globo, ficou em terceiro lugar. No seu retorno a Manaus, no sábado 20, teve festa em Manaus e Parintins (a 369 km de Parintins). Sua participação no programa foi considerada muito importante na divulgação do Festival de Parintins. Conforme o noticiário, Cidade conseguiu 12 assinaturas de colegas.  A outra notícia divulgada também neste portal, envolve os deputados Sinésio Campos (PT) e Alessandra Campêlo (Podemos), no que teria sido uma discussão sobre licença-maternidade de duas parlamentares.


Este portal publicou a notícia com o seguinte título: “Sinésio critica deputadas em licença maternidade e Alessandra Campêlo rebate: direitos das mulheres”. Mas na própria matéria divulgada, lê-se que Sinésio apenas alegou que as comissões técnicas da Casa não poderiam ter o trabalho prejudicado pela ausência de parlamentares que estivesse de licença maternidade ou qualquer licença médica. “Eu entendo que é extremamente importante, sabendo que qualquer licença do trabalhador, independente (sic) de ser licença maternidade ou médica, é importante. Agora, esta Casa não pode sofrer descontinuidade de projetos que tramitam nas respectivas comissões”, afirmou, conforme se pode ler no portal. Logo, houve um descuido da Redação na hora de construir a manchete. 


Sobre a reação de Alessandra, deve-se ao fato de que duas parlamentares estão de licença-maternidade. E ela argumentou, com razão, que decisão sobre as comissões não é de responsabilidade delas. Também lembrou que as comissões têm outros membros, a quem cabe decidir. “O senhor está certo em falar que o trabalho não pode parar. Mas temos que deixar claro que as deputadas não têm essa responsabilidade e elas não têm como sair da licença maternidade para resolver esses problemas”, declarou Alessandra, que aproveitou para lembrar: “Esta Casa precisa se acostumar ao direito das mulheres, seja uma deputada, assessora ou qualquer outra mulher”. Na verdade, licença-maternidade é um direito há muito conquistado. É até redundância querer explicar.


A coluna pinçou essas três notícias divulgadas pelo portal, num mesmo dia, por entender que a Redação começa a abrir mais espaço para a área de política. Seguir de perto a atuação daqueles eleitos para representar a população é prestar um grande serviço a quem os escolheu. Não falta assunto para boas reportagens.


Os leitores merecem.



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