Há três anos, acompanhávamos vidrados na TV a aplicação da primeira dose de uma vacina contra Covid-19 no Brasil. Aquele momento, em 17 de janeiro de 2021, representava o vislumbre do fim do isolamento social e uma possibilidade de voltarmos à vida “normal”.
Denúncias de pessoas furando fila para se vacinar começaram a pipocar. Muitas queriam uma dose do imunizante. Mas esse cenário mudou. Três anos depois, médicos infectologistas e autoridades de saúde pedem constantemente que a população vá aos postos de saúde para completar o cartão de vacinação. O que aconteceu?
A pediatra Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), avalia que as pessoas perderam a noção do risco da doença causada pelo coronavírus.
“É como acontece com as outras vacinas. A ausência da percepção de risco faz com que as pessoas esqueçam da importância delas, de como foram os primeiros anos da pandemia. Elas precisam lembrar que a Covid-19 não acabou”, considera Flávia.
Atualmente, o Brasil tem 83,87% da população vacinada com as duas doses iniciais e 51% receberam a terceira dose do imunizante monovalente, segundo dados do Ministério da Saúde. Apenas 16,26% dos brasileiros voltaram aos postos para tomar o reforço com a vacina bivalente, desenvolvida para gerar imunidade contra a cepa original e a Ômicron.
A Ômicron sofreu tantas mutações que é considerada por alguns cientistas mais do que uma variante, e sim um novo tipo de vírus: o Sars-CoV-3. Todas as variantes que circulam hoje são descendentes da cepa.
“Até dezembro de 2021, a reinfecção por diferentes variantes era um evento praticamente raro. As vacinas vieram e foram extraordinárias na prevenção de mortes. Após a identificação da Ômicron, começou uma segunda pandemia e as outras variantes praticamente sumiram. A forma como isso aconteceu foi avassaladora”, afirma o médico infectologista e professor titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, Esper Kallás.
A vacina bivalente incluiu na sua formulação o antígeno para proteção contra a variante que predomina e, por isso, é a mais indicada para o cenário epidemiológico atual. “Não significa que as vacinas antigas não funcionem, mas elas tiveram a eficácia reduzida com o surgimento de novas cepas do vírus”, explica a diretora da SBIm.
Monica Calazans
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Vidas salvas pela vacina contra Covid
Os vacinados contribuíram para uma redução significativa do número de novos casos e mortes em solo nacional. Mas o vírus continua a circular em todo o mundo, sofrendo mutações e fazendo vítimas.
A infectologista Patrícia Rady Muller, do Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo, lembra que o principal objetivo das vacinas é prevenir as formas mais graves das doenças. Ou seja, os vacinados ainda podem ser infectados pelo vírus e desenvolver sintomas, mas a vacinação completa evita hospitalizações e mortes.
“Nunca vai existir uma vacina com 100% de eficácia. Ela é importante para abrandar os sintomas, impedir consequências graves e mortes causadas pela doença”, explica a infectologista.
A vacinação da população geral com a dose de reforço é ainda uma questão de saúde pública e cidadania. “As pessoas imunocompetentes que não tomaram a vacina podem, de uma certa forma, não ter complicações graves, mas podem passar o vírus para os seus familiares e entes queridos que tenham um fator de risco e isso pode se complicar”, explica o consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) Claudilson Bastos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as vacinas contra a Covid-19 salvaram ao menos 1,4 milhão de vidas na Europa.
“Hoje, 1,4 milhão de pessoas na nossa região – a maioria idosos – podem desfrutar da vida com os seus entes queridos porque tomaram a decisão vital de serem vacinados contra a Covid-19”, disse o chefe regional da OMS, Hans Kluge, em coletiva de imprensa nessa terça-feira (16/1).
Uma pesquisa realizada no Reino Unido revelou, nessa segunda-feira (15/1), que 7.180 hospitalizações e mortes por Covid-19 poderiam ter sido evitadas na Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales durante o verão de 2022 se a população desses quatro países estivesse com as doses de reforço em dia.
“As vacinas contra a Covid-19 salvam vidas”, afirma o professor Sir Aziz Sheikh, diretor do Instituto Usher da Universidade de Edimburgo, de pesquisa do HDR UK e co-líder do estudo.
Nova fase da vacinação
O Ministério da Saúde iniciou, em 1º de janeiro, uma nova etapa no plano de vacinação contra a Covid-19. Agora, os grupos mais vulneráveis ao agravamento da doença receberão uma dose anual ou semestral da vacina.
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Para indivíduos com 60 anos ou mais, pessoas imunocomprometidas, gestantes e puérperas, o intervalo entre as doses será de seis meses. Os demais grupos (que incluem pessoas que vivem ou trabalham em instituições de longa permanência, indígenas, ribeirinhos, quilombolas, trabalhadores da saúde, pessoas com deficiência permanente ou comorbidades, pessoas privadas de liberdade com 18 anos ou mais, funcionários do sistema de privação de liberdade, adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas e população em situação de rua), tomarão a dose anualmente.
A população geral que não está nos grupos de risco mas ainda segue com o calendário vacinal atrasado — indivíduos que não tomaram ou receberam apenas uma dose — poderá completar o esquema.
Para as crianças, a recomendação é que a primeira dose seja aplicada aos 6 meses de idade; a segunda aos 7; e a terceira, aos 9. A pediatra Flávia, da SBIm, explica que as pessoas que nasceram depois da fase crítica da pandemia precisam criar anticorpos através da vacinação completa para se protegerem contra a contaminação por novas cepas.
“Elas nasceram depois da grande circulação do vírus e não foram expostas a ele. É por isso que precisam ter a vacina incluída no calendário de rotina”, afirma.
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