Ucrânia e Rússia fizeram, nesta quarta-feira (3/1), uma troca de prisioneiros de guerra descrita por autoridades ucranianas como a maior desde o início do conflito. Mais de 200 soldados e civis de cada lado foram libertados, após complexas negociações intermediadas pelos Emirados Árabes Unidos.
As duas partes realizaram dezenas de trocas desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, mas o processo estava estagnado desde agosto do ano passado.
Em declarações quase simultâneas, Rússia e Ucrânia anunciaram o retorno de seus combatentes. “Mais de 200 de nossos soldados e civis retornaram das prisões russas”, comemorou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em mensagem de vídeo em seu perfil no Telegram.
“Este é um grande dia para a Ucrânia”, afirmou. “Quanto mais russos nós capturarmos, mais eficientes serão as negociações sobre as trocas.”
O líder ucraniano afirmou que alguns dos prisioneiros estavam anteriormente relacionados como desaparecidos.
Os ucranianos libertados pertencem a setores diferentes das Forças Armadas e incluem alguns dos que combateram durante o cerco à siderúrgica Azovstal, em Mariupol, que após resistirem por quase três meses e serem capturados pelos russos em maio de 2022.
O Ministério Defesa russo informou que 248 membros das Forças Armadas puderam voltar ao país. Kiev, por sua vez, relatou a chegada de 230 pessoas – 224 soldados e seis civis.
Negociações de paz ainda distantes
Um vídeo divulgado por autoridades da Ucrânia mostrava prisioneiros de guerra envoltos na bandeira ucraniana em ônibus, cantando o hino nacional e gritando o lema patriótico “glória à Ucrânia”. A maioria, com algumas exceções, aparentava estar em boas condições de saúde.
In this video posted by the Security Service of Ukraine (SBU) on Telegram, 230 Ukrainian prisoners of war are seen being released from captivity and reunited with loved ones.
📽️: Security Service of Ukraine (SBU) / Telegram pic.twitter.com/EKasZsYyun
— The Kyiv Independent (@KyivIndependent) January 3, 2024
O Kremlin também divulgou imagens de prisioneiros em uniformes militares chegando de ônibus à cidade russa de Belgorod.
O Ministério do Exterior dos Emirados Árabes Unidos informou em nota que a troca se tornou possível por meio de suas “fortes relações de amizade” com os dois países. O país árabe se ofereceu para ajudar nos esforços humanitários e na busca por uma solução pacífica para o conflito, que dura 22 meses.
A troca de prisioneiros ocorreu em um momento em que a Rússia continua a intensificar os ataques nas frentes de batalha. O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu reforçar a ofensiva no país vizinho depois de um ataque ucraniano sem precedentes a Belgorod, no fim de semana.