Urbanização de indígenas mostrada pelo Censo é estratégia de sobrevivência

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Por Ana Celia Ossame, Especial para Portal do Holanda




Os dados do Censo do IBGE de 2022T mostrando a crescente urbanização da população indígena no Amazonas e, especialmente em Manaus, revela que essa é uma estratégia de sobrevivência de vários povos indígenas.


“A precariedade da educação e da atenção à saúde indígenas no passado e no presente, os conflitos fundiários, as invasões e a depredação dos recursos naturais nesses territórios, com impactos negativos sobre a organização social desses povos e a morosidade na demarcação das terras indígenas, são os principais fatores a contribuir com essa migração”, afirma afirma Guenter Francisco Loebens, da Equipe de Apoio aos Povos Indígenas Livres (Eapil), do Conselho Indigenista Missionário (Cimi Norte I), ao comentar os dados da pesquisa.


No Amazonas, em 2022, de acordo com o Censo, Manaus era o município brasileiro com maior número de pessoas que se autodeclaravam indígenas, chegando a 71,7 mil pessoas. Depois  vinham São Gabriel da Cachoeira, com 48,3 mil habitantes indígenas, e Tabatinga, com 34,5 mil, ambos no Amazonas. No entanto, as maiores proporções de população indígena estavam em Uiramutã (RR), onde 96,60% dos habitantes eram indígenas, Santa Isabel do Rio Negro, com 96,17% e São Gabriel da Cachoeira, 93,17%..


Ao pontuar que no Estado do Amazonas, por exemplo, ainda existem aproximadamente 200 reivindicações de demarcação de terras indígenas não atendidas, Guenter Francisco afirma que na cidade muitos indígenas mantêm relações entre si e com suas comunidades de origem.


“Eles buscam reconstruir o seu mundo cultural nessa nova realidade e em condições que normalmente lhes são muito hostis”, afirma o missionário, que há mais de quatro décadas atua no movimento em defesa dos direitos dos povos indígenas.


Guenter destaca que os dados divulgados agora pelo Censo visibilizam uma população indígena nas cidades, que foi muito subestimada nos censos anteriores.


“O detalhamento das informações do censo deverá trazer mais elementos sobre os motivos desse movimento”, afirma ele, pontuando a necessidade de destacar dados da realidade nos territórios indígenas que certamente corroboram com essa migração.


Em Manaus, o representante do Cimi Norte I destaca a presença  importante do movimento indígena no enfrentamento dos inúmeros desafios apresentados no contexto urbano como o preconceito, as precárias condições de vida nas periferias e a omissão do poder público.


“Esses indígenas lutam por políticas públicas específicas e diferenciadas de atenção à saúde e educação e de moradia”, afirma.


 


 


 



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