A venda de imóveis novos bateu recorde no Brasil no ano passado. Em 2023, foram comercializadas 163,1 mil unidades no país, número 32,6% superior ao registrado em 2022. O valor obtido com esses negócios atingiu R$ 47,9 bilhões, o que representou um crescimento de 34,7% em relação ao ano anterior.
Em toda a série histórica de vendas, iniciada em 2014, o maior volume havia sido registrado em 2021, com 131,6 mil unidades. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (13/3), pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), com base em pesquisa realizada em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Os números incluem dados de 20 incorporadoras associadas à Abrainc.
De acordo com o estudo, o aumento foi puxado pelo segmento de baixa renda, do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Ele cresceu 42,2% em volume comercializado, para 117,4 mil unidades, e 55,1% em valor vendido, para R$ 26 bilhões. Esse setor também apresentou alta de 16,7% no número de lançamentos (93,3 mil unidades) e de 39,3% no valor dos imóveis lançados, que atingiu R$ 21,3 bilhões em 2023.
Na avaliação da Abrainc, o bom resultado do programa reflete “medidas de ajuste para ampliar o acesso das famílias de menor renda à moradia”. Além disso, diz a associação, reforça a necessidade de manter regras estáveis para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), a principal fonte de recursos para o crédito imobiliário destinado à população de baixa renda, possibilitando a oferta de taxas de juros menores e parcelas acessíveis.
Aumento menor
No segmento de médio e alto padrão, houve aumento de 14% nas vendas, para 43 mil unidades, e de 18,9% no valor comercializado, para R$ 21,1 bilhões. Esse núcleo, contudo, registrou queda no número de lançamentos em 2023. O recuo foi de 2%, com 118 mil unidades lançadas. O valor com a venda dos imóveis lançados chegou a R$ 38 bilhões, com alta de 10,1%.
O setor de média e alta renda teve o pior desempenho, com queda de 38% no volume lançado (24,5 mil unidades) e de 9,2% no valor lançado, de R$ 16,7 bilhões.
Fator juros
Luiz França, presidente da Abrainc, acredita que o setor deve continuar crescendo neste ano. “Com a atual tendência de queda da taxa de juros, é esperado um aumento nas vendas em 2024, tornando a compra de imóveis para investimento ainda mais atrativa”, diz. “Além disso, observou-se um incremento de 17% nos preços dos aluguéis, fortalecendo ainda mais a procura por ativos imobiliários.”
De acordo com a Abrainc, o setor é responsável por 11% dos empregos formais do país, 9% dos impostos gerados no Brasil e tem impacto em 97 diferentes atividades econômicas.