O acordo entre Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, para dividir os custos da construção do túnel submerso entre Santos e Guarujá serviu de munição para uma nova provocação do ministro Márcio França ao adversário bolsonarista.
França iniciou o governo como ministro de Portos e Aeroportos, mas hoje chefia a pasta do Empreendedorismo. Ele falava num sindicato de Santos, o seu reduto eleitoral, sobre o evento que acontecerá na cidade, nesta quinta-feira (2/2), com a presença de Lula e de Tarcísio. O evento ocorreu na segunda (30/1), horas após o petista posar para fotos com o bolsonarista no Planalto.
“Para a construção do aeroporto do Guarujá, há 100 anos eu ouço essa história, e agora está lá o recurso do Guarujá. A perimetral do Guarujá, outros 50 anos de história mal falada. O túnel Santos x Guarujá. Ah, o Tarcísio quer entrar no túnel, ótimo. Deixa o Tarcísio fazer o L, à vontade, não tem problema nenhum. Entra mais um. Vamos fazer todo mundo o túnel. Quanto mais gente fizer o túnel, melhor, mais rápido. Então o Tarcísio vai fazer o túnel junto conosco”, afirmou França.
Tarcísio estava irritado com a iniciativa de Lula de excluir o governo de São Paulo da construção do túnel submerso. A reunião entre os dois, no início da semana, distensionou a relação e assegurou o uso de recursos estaduais na obra. Ao final do encontro, Lula divulgou quatro fotos em que aparecia sorrindo ao lado do bolsonarista.
França já havia provocado Tarcísio após o Republicanos entrar no governo federal com Silvio Costa Filho, atual ministro de Portos e Aeroportos. Na ocasião, França disse que Tarcísio também havia aderido à base lulista. O governador ignorou a fala do rival.
Há uma estratégia política do governo federal para explorar o incômodo de bolsonaristas com a cordialidade entre Tarcísio e Lula. O empresário Otávio Fakhoury, que ajudou a campanha de Tarcísio em 2022, foi um dos nomes que vocalizou a insatisfação. Em seu perfil no X (o antigo Twitter), Fakhoury disse que o governador foi “um dos primeiros a ser contra a direita ter candidato na cidade de São Paulo” e que ele “está mais próximo de Lula do que nunca”.