VSR: como proteger as crianças das internações por bronquiolite

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O vírus sincicial respiratório (VSR) é o principal causador de complicações respiratórias agudas em crianças de até 2 anos de idade. Ele é responsável por 75% dos quadros de bronquiolite (inflamação dos brônquios) e 40% das pneumonias na infância.

Assim como acontece com o vírus da gripe, a circulação do VSR é sazonal, com maior incidência nos meses de outono e inverno no Brasil.

Embora exista prevenção contra o vírus sincicial respiratório, o número de casos vem aumentando. Dados do Ministério da Saúde mostram que as internações por bronquiolite aumentaram em todo o país comparando 2022 e 2023.

O Distrito Federal registrou um crescimento de 35% dos casos de internações entre 2022 e 2023. Em Goiás, o aumento foi de 59%. Na região Norte, os estados mais afetados foram Amapá e Acre, com acréscimos de 72% e 48%, respectivamente. No Nordeste, Sergipe e Alagoas se destacaram com aumento percentual de 113% em ambos.

“Sabemos que VSR é um dos principais agentes causadores das infecções do aparelho respiratório em crianças menores de 2 anos de idade. As doenças provocadas pelo VSR variam de quadros respiratórios leves até quadros muito graves, nos quais há risco de vida”, afirma a pneumologista pediátrica Luciana Monti, do Hospital da Criança de Brasília José Alencar.

Transmissão do VSR

O VSR costuma entrar no organismo pelas mucosas dos olhos, nariz ou boca. A infecção viral acontece quando há contato com pessoas doentes que transmitem o vírus por meio de gotículas respiratórias. A transmissão também pode ocorrer pelo contato com superfícies contaminadas, como mãos, brinquedos, maçanetas de portas e materiais médicos.

As crianças menores de 2 anos de idade – principalmente as menores de 6 meses de vida, os prematuros, os bebês com doença pulmonar crônica, doenças que afetam a imunidade ou problemas cardíacos – são a população de maior risco para desenvolver a infecção respiratória em sua forma grave.

Para esse grupo, a internação por doença respiratória aguda causada pelo vírus varia entre 10% a 15% dos casos.


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Sintomas da infecção por VSR

Os sintomas da infecção pelo VSR começam a aparecer a partir do quarto ou quinto dia de contato com o vírus. A sensação é semelhante a um resfriado comum, com coriza, espirros, tosse, rouquidão, febre baixa e prostração.

“Os sintomas da infecção pelo VSR podem ser parecidos com os provocados por outros patógenos. A forma de sabermos qual é o patógeno seria coletando testes moleculares, como o PCR na nasofaringe. Esses testes são capazes de detectar o agente causador”, explica a pediatra.

O quadro costuma melhorar no sétimo dia. No entanto, para algumas pessoas, em especial os bebês pequenos ou de risco, o quadro gripal pode evoluir para falta de ar e chiado no peito, conhecido como bronquiolite.

De acordo com a médica, pode haver variação desde casos leves até casos muito graves com risco de morte. O VSR também pode provocar parada de respiração (apneia) e pneumonia, além de funcionar como um fator desencadeante de asma nas crianças maiores.

Como prevenir a doença

Os principais cuidados para prevenir a transmissão e o adoecimento pelo VSR incluem higiene das mãos, aleitamento materno, alimentação saudável e ambientes livres do tabaco. Também é importante evitar aglomerações e o contato com pessoas gripadas, além de manter o calendário de vacinação atualizado.

Para as crianças em maior risco, o Ministério da Saúde recomenda o uso do anticorpo monoclonal palivizumabe durante os meses de sazonalidade do vírus sincicial respiratório.

O palivizumabe, produzido pela Astrazeneca, é uma forma de imunização passiva, que reduz a atividade viral, a gravidade e a internação pelo VSR. “É importante buscar informações com o seu médico para verificar se a criança tem indicação de receber esse tratamento preventivo”, sugere Luciana.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em dezembro, a primeira vacina contra a bronquiolite. No entanto, ela é indicada apenas para o uso em adultos de 60 anos ou mais.

Estudos demonstraram bons resultados de eficácia e segurança entre os idosos e entre as gestantes, com o intuito de proteger os bebês.

Segundo Luciana, tanto as imunoglobulinas contra o VSR quanto as vacinas são capazes de reduzir a frequência de internação por doença respiratória aguda, bem como a gravidade dessas infecções, diminuindo também hospitalizações em UTI, uso de ventilação mecânica, dias de internação e dias de necessidade de uso de oxigênio.

Tratamento

O tratamento da infecção causada pelo VSR é o suporte clínico, com a lavagem do nariz e medicamentos para febre e dor. Se necessário, é feito o suporte de oxigênio ou de aparelhos para ventilar o paciente.

“O melhor que podemos fazer é a prevenção porque não há remédios de boa eficácia que possam curar ou ajudar no tratamento quando a pessoa está infectada. Então evitem levar os bebês a locais aglomerados e mal ventilados, principalmente nessas próximas semanas. Vamos estimular o aleitamento materno e a vacinação e observar todas as medidas preventivas”, afirma a médica.

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