Por: Planeta 92
Antônio Ferreira de Oliveira Júnior, tenente do Corpo de Bombeiros e gestor de condomínio, segue no cargo apesar de declarações preconceituosas, denúncias de má gestão e ironias sobre operação da PF
Um mês após a divulgação de áudios com declarações preconceituosas contra moradores da periferia de Manaus, o síndico de um condomínio de alto padrão na zona norte da capital, Antônio Ferreira de Oliveira Júnior, voltou a causar polêmica. Tenente do Corpo de Bombeiros e integrante da Corregedoria da SSP-AM, ele permanece no cargo mesmo após uma série de episódios que evidenciam comportamento considerado incompatível com a função.
Longe de demonstrar arrependimento, o síndico voltou a fazer publicações com teor elitista e debochado, inclusive após uma operação da Polícia Federal no residencial, ocorrida em 29 de maio.
As novas declarações foram feitas em sua linha de transmissão no WhatsApp, onde ironizou a presença da imprensa durante a ação policial: veja os prints no final da matéria!
“Vi uma equipe de reportagem na portaria, fiquei todo animado pensando que eles queriam entrevistar o melhor síndico de Manaus, o mais famoso da mix e o mais bonito.”
Na sequência, se referiu às pessoas presas na operação como “laranjas do Forest” e finalizou com uma provocação classista:
“Os laranjas do Forest foram dar uma volta na feira de Uber Black e a vida no condomínio continua… Eu falei que o condomínio era de luxo… kkk, mas olha os lixos.”
Diagnóstico psiquiátrico como justificativa
Em meio à repercussão dos primeiros áudios — nos quais chegou a dizer que “lugar de sujismundo é na zona leste” —, Oliveira Júnior afirmou ter procurado atendimento psiquiátrico e ter recebido o diagnóstico de transtorno agudo relacionado a estresse (CID F43.0). Disse estar de licença médica e agradeceu o apoio do comandante do Corpo de Bombeiros:
“Hoje procurei e fui atendido por um psiquiatra que me diagnosticou com F43.0… agradeço o apoio do meu comandante, que também já passou por situação semelhante.”
A tentativa de justificar os ataques com um diagnóstico de saúde mental gerou desconfiança entre moradores. Segundo relatos, em nenhum momento o síndico se afastou da gestão do condomínio.
“Como alguém pode alegar um evento traumático no condomínio e, ao mesmo tempo, continuar exercendo a função de síndico normalmente?”, questionou uma moradora.
Moradores e especialistas ouvidos pela reportagem demonstraram preocupação com o uso do laudo psiquiátrico como possível escudo para evitar punições ou críticas, destacando o risco de banalização dos transtornos mentais.
Novos ataques à periferia
Na véspera do Dia dos Namorados, o síndico voltou a zombar de moradores da zona norte ao compartilhar um vídeo de conteúdo duvidoso, fazendo referência a uma suposta relação amorosa de um morador do bairro Monte Horebe. A legenda reforçou o tom de deboche:
“Eles podem… é comédia… mas se for oficial dos bombeiros e síndico noooosssaa”.
Acusações de má gestão e omissão institucional
As polêmicas não se limitam às falas discriminatórias. Conforme relatos enviados ao Portal Planeta92, moradores acusam o gestor de administração autoritária, decisões unilaterais e falta de transparência. A crise culminou na renúncia coletiva de membros do conselho do condomínio, que alegaram não compactuar com a postura do síndico.
Apesar da repercussão e do desgaste à imagem da corporação, o Corpo de Bombeiros do Amazonas se limitou, até o momento, a informar que “irá apurar os fatos”. Não houve, até agora, sinal de afastamento ou punição.
Repercussão entre moradores
A permanência de Antônio Júnior no cargo gera revolta entre os condôminos. Um morador, sob anonimato, declarou:
“Ele continua agindo como se nada tivesse acontecido. Agora até usa o diagnóstico médico para justificar os absurdos que disse. E ainda debocha da operação policial como se estivesse acima da lei.”
Outro morador foi mais direto:
“Não é só sobre má gestão. É sobre alguém que envergonha a coletividade, despreza as pessoas e coloca o próprio condomínio em risco.”
Há expectativa de manifestação por parte da Corregedoria da SSP-AM, onde o tenente também atua, o que ainda não ocorreu.
O outro lado
A reportagem do Planeta92 tentou contato com Antônio Ferreira de Oliveira Júnior pelos meios disponíveis. Na primeira tentativa, a ligação caiu. Na segunda, o número estava fora de área ou desligado. O espaço segue aberto para manifestação ou esclarecimentos por parte do síndico.










